Inflação 7 x 1 Banco Central, a batalha perdida

Lembram do vexame da seleção brasileira de futebol diante da Alemanha na Copa do Mundo de 2014? Goleada de 7 x 1 em pleno Mineirão lotado? A inflação fora de controle está derrotando o poder aquisitivo dos brasilianos. Vexame que afeta o bolso de todos

As bolsas de valores do Brasil e dos Estados Unidos despencarem nesta quinta, 5, depois que os investidores entenderam que a batalha para controlar a inflação será muito mais difícil do que parecia. E que os instrumentos monetários dos bancos centrais ao redor do mundo, as taxas de juros, estão tendo baixa eficácia para segurar os preços em uma economia cada vez mais globalizada.

Federal Reserve, o Fed, é o banco central dos EUA – Foto: Reprodução / Internet

O aumento na última quarta, 4, das taxas de juros, de 0,5% pelo FED, o Banco Central dos Estados Unidos, e de 1% pelo Banco Central do Brasil, tem a mesma finalidade, ou seja, controlar a inflação. Lá e aqui, os preços estão fora de controle por problemas de oferta, consequência da descontinuidade de muitos itens da cadeia produtiva devido à pandemia de covid-19 e, mais recentemente, à Guerra na Ucrânia – sem falar do aumento dos preços das commodities. A inflação nos Estados Unidos chegou ao patamar de 8,5% e a autoridade monetária daquele país acredita que, com juros na casa 2,75%, poderá trazer a inflação a um patamar de 2% ao ano, mesmo com a economia aquecida e quase pleno emprego – muito diferente do que se vê por aqui.

Aqui no Brasil os juros, que estão em 12,75% e devem ultrapassar os 13,5%, ainda não conseguiram reverter um processo de alta da inflação de 11,30% nos últimos 12 meses. As projeções são de que a inflação caia para 7% até o final do ano, na projeção anualizada. Pela lei das proporções, o Banco Central brasileiro está usando uma taxa de juros cavalar para um resultado pífio de redução da inflação quando comparado com os Estados Unidos.

O mais intrigante é que o desemprego no Brasil é de 11,9 milhões de pessoas com um quadro recessivo. Enquanto nos Estados Unidos a situação é de mercado de trabalho em quase pleno emprego e economia aquecida. A realidade é que os fundamentos da economia brasileira estão longe de serem comparados com a dos americanos. O fato é que o aumento dos juros nos Estados Unidos tem impactos significativos sobre o câmbio, os preços das commodities e os fluxos de capital. As novas taxas de juros nos dois países já estavam precificadas pelo comportamento de alta nas bolsas de valores. Por enquanto, a inflação, pelo menos aqui no Brasil, vai dando de goleada nos preços.

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