Governo quer elevar em 3,6% ao ano oferta de energia

Tão logo o Brasil volte a crescer em padrões médios internacionais, como se espera, a primeira necessidade será o aumento da oferta de energia. Por isto, a EPE entende que é preciso planejar agora

Ministro Paulo Guedes, da Economia - Foto: Orlando Brito

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) irá colocar em consulta pública, nos próximos dias, um plano de expansão anual de 3,6% de energia para os próximo 10 anos a fim de atender as necessidade de crescimento da economia. Ninguém ainda sabe se, de fato, a economia voltará a crescer neste patamar, mas hoje só não há risco de falta de energia pelo fato da economia estar crescendo equivalente a 0,85% do Produto Interno Bruto (PIB).

A equipe do Ministro da Economia, Paulo Guedes, acredita que a economia poderá crescer nos próximos anos na faixa dos 2,5% a 2,7% do PIB, o que ficaria um pouco abaixo do plano de expansão de oferta de energia da EPE.

Foto: Caio Coronel / Itaipu Binacional

O governo espera elevar a oferta de energia eólica, hidroelétrica, solar, gás e carvão dos atuais 70 mil megawatts para cerca de 95 mil megawatts em 2029 especialmente com aporte de investimentos privados, uma vez que o modelo de financiamento adotado nos últimos anos se esgotou pelas dificuldades de recursos da União e de suas estatais.

Plano decenal

“O plano decenal vai trazer várias elementos , modelagem e números para apoiar esta discussão. Alguns destes consensos mínimos são bastantes transparentes para colocar no aspecto da sustentabilidade econômica do setor regulado, que é uma barreira para ampliação do mercado livre”, disse o presidente da EPE, Thiago Vasconcellos Barral Ferreira, em um encontro com empresários do setor em Brasília na última semana.

Ferreira acrescentou: “Há consenso no mercado que a financiabilidade da geração é um fator crítico para podermos avançar na modernização no setor de energia”. A maior parte da expansão do setor elétrico nos últimos 15 anos foi feita na modalidade de energia contratada em leilões e assegura retorno de preços da energia que vai vender. Isto dará rentabilidade de longo do prazo, em contrato que pode ser de 20 anos.

O presidente da EPE disse que o Brasil não corre risco de falta de energia com a economia crescendo na casa dos 2,5% em função dos investimentos em linha de transmissão, o que permite uma interligação completa das diversas fontes de energia com todos os mercados consumidores.

Consumo crescente

Marisete Pereira, secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia – Foto: Saulo Cruz/MME

A secretária executiva do Ministério de Minas e Energia, Marizete Dadald Pereira, no entanto, reforçou a importância de serem feitos novos investimentos para elevar a oferta de energia a fim de atender a elevação do consumo que deverá ocorrer com a retomada do crescimento. “Estamos em um processo, que, pode-se dizer, de pouco crescimento , mas se tiver qualquer outro crescimento maior na economia, a questão de energia vai ser a primeira questão que a gente tem que estar tratando e dando soluções”, alertou Marizete Pereira.

A maior parte das medidas de modernização do setor elétrico para se ajustar a modelos de financiamento, onde mercado livre vem ganhando cada vez mais espaços, deverá passar por mudanças na legislação no Congresso Nacional.

A produção de energia eólica e solar teve grande ampliação em função dos custos e tarifas mais baixas para o consumidor. Barral Ferreira acredita que, com a exploração do gás do pré-sal, o País terá mais uma fonte de energia de grande contribuição à matriz energética do Brasil.

Mais limpa, mais barata

“A modernização do setor energético está na racionalização do uso da estrutura de dados, na estratégia de negócios, nas decisões de investimentos, na capacidade das empresas de inovar e trazer soluções para os clientes”, acredita Barral Ferreira.

Parques eólico. Foto: ABEEólica/Divulgação

A questão central deste processo deverá responder a financiamento de geração de energia e as operações do mercado livre com alocação de custos e preços das tarifas aos consumidores, com tendência de ser cada vez mais em conta em função da entrada no mercado de energias limpas com custos mais baixos de produção. Entretanto, a confiabilidade do sistema depende das hidroelétricas, carvão e óleo, que são mais caras, uma vez que a energia solar deixa de produzir quando não há sol ou, no caso da eólica, com a falta de vento.

“A migração do ambiente regulado para ambiente livre vem trazendo distorções, principalmente olhando para o fator final que é a tarifa de energia. Acho que, de fato, precisamos dar um novo direcionamento para o setor. Este é um dos temas principais para a gente poder olhar em um prazo relativamente curto o que precisamos fazer para começar a mudar esta trajetória, especialmente na alocação dos custos”, disse Marizete Pereira.

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