Aliança pelo Brasil já captou 20% das 500 mil assinaturas necessárias

Contando com a ajuda de militares, policiais e bombeiros em todo o País, além de empresários como Luis Felipe Belmonte, o Aliança pelo Brasil já angariou 20% da quase 500 mil assinaturas necessárias para se organizar a tempo de participar das eleições municipais de 2020

Luiz Felipe Belmonte, o mais novo apoiador do Planalto, e o presidente Jair Bolsonaro

O partido Aliança pelo Brasil já arranca com a promessa de 110 mil assinaturas de adesão, ou seja, mais de 20% das 500 mil exigidas como mínimo pela Justiça Eleitoral para registro de legenda, informou a’Os Divergentes uma fonte próxima ao advogado Luis Felipe Belmonte, apontado como o principal apoiador financeiro do projeto. Belmonte é suplente do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e teria contratado uma empresa especializada para apoiar tecnicamente à comissão organizadora nestes trabalhos.

Os organizadores dizem que a campanha para a coleta de assinaturas será o maior programa positivo de mobilização política do País no início de 2020, movimentando as ruas e os espaços públicos em todo o País. As militâncias de apoio ao presidente Jair Bolsonaro irão para as calçadas com escrivaninhas, papel e tinta conclamando à população a assinar e dar seus nomes e números eleitorais para validação. “Uma mobilização radicalmente pacífica, solidária, no mais puro modelo da democracia de massa”, acrescenta.

O novo amigo presidencial

O ex-ministro Gustavo Bebianno – Foto: Orlando Brito

Belmonte emergiu de surpresa no cenário nacional no último fim de semana como uma das figuras mais importantes no esquema de poder no Palácio do Planalto. No organograma do novo partido, ocupa o terceiro lugar na hierarquia, abaixo apenas do vice, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ). No círculo íntimo do Palácio da Alvorada, Belmonte já é o amigo do peito do presidente, no lugar que foi, até o início do Governo, do também advogado Gustavo Bebianno, ex-ministro que rompeu e se converteu no principal desafeto da família Bolsonaro.

O novo partido precisa cumprir todas as exigências legais até 20 de março para se habilitar à participação nas eleições municipais de 2020. Este é um objetivo estratégico, pois é essencial o Aliança participar de eleições e fazer bancadas fiéis, para entrar compacto nas sucessões de estados, além da presidencial de 2022. A maratona da captação das assinaturas já irá colar na disputa eleitoral municipal (sem cair na restrição de campanha antecipada), turbinando um handicap de largada para os candidatos da nova legenda.

Os organizadores do Aliança dizem estar seguros de que organizarão a campanha das assinaturas numa velocidade surpreendente. Embora não tenham ainda um partido orgânico, suas bases de apoio seriam facilmente alinhadas no terreno para organizar um voluntariado numeroso e ativo nestas funções.

Para tanto, contariam com a participação de pastores evangélicos, padres carismáticos, movimentos sociais de direita e, também, os militares da reserva. Entenda-se, neste último caso, basicamente as organizações de mulheres de oficiais e graduados da reserva, tanto das forças federais como estaduais e, principalmente, bombeiros.

Minoria boa de voto

Com os deputados estaduais e vereadores ligados à segurança pública (e privada, geralmente integrada por ex-policiais e militares), as comunidades castrenses, responsáveis diretas pelas votações espetaculares do presidente Bolsonaro nos seus tempos de deputado federal, são contingentes pouco considerados em pesquisas e outros levantamentos de opinião pública. Entretanto, possuem uma capacidade de organização e mobilização eleitoral surpreendente.

Nas comunidades das periferias, bombeiros e policiais militares têm uma presença efetiva disseminada que, como mostram os números das bancadas (distribuídas pelos diversos partidos), e o retrospecto de quase uma centena de deputados federais eleitos em 2018, sem contar os parlamentos estaduais, são expressivas. PMs e bombeiros se projetam porque, além da segurança em si, têm grande atuação como assistentes sociais e agentes de saúde nas periferias.

Entretanto, na mídia convencional, essas atuações não contribuem para dar visibilidade positiva à imagem funcional, pois policiais aparecem no noticiário apenas nas ações drásticas de pequenas frações de forças especiais que atuam no extremo da violência urbana. Esta composição, eleitoralmente mobilizada, mas partidariamente dispersa, deverá ser agrupada pelo Aliança, segundo esperam seus organizadores.

Doador milionário

O presidente Bolsonaro e seu filho Flávio no lançamento do partido Aliança pelo Brasil – Foto: Orlando Brito

Luís Felipe Belmonte é apontado como um dos principais financiadores das eleições do ano passado em Brasília. No Distrito Federal, foi o segundo maior doador, atrás somente do empresário Rubens Ometto, da Cosan. O candidato titular de sua chapa a senador, Izalci Lucas, foi eleito. Sua mulher é a deputada federal Paula Belmonte (Cidadania/DF).

Segundo o Tribunal Superior eleitoral, Luís Felipe doou 1,49 milhão de reais para as campanhas políticas de vários partidos em 2018, inclusive uma pequena contribuição no valor de R$ 10 mil para o PCdoB. Como advogado, defendeu causas de grande porte, destacando-se, entre seus clientes, por 26 anos, o ex-senador Luiz Estevão, que, embora preso, ainda é um dos principais chefes políticos da Capital Federal.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Belmonte disse não fazer parte do grupo liderado pelo guru Olavo de Carvalho. “Não notei na formação do programa do partido a influência acentuada olavista. Alguns pontos, sim, como princípios de família e combate ao Foro de São Paulo. Olavo de Carvalho não será a tônica do novo partido”, garantiu. Cartas na mesa.

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