Podcast IdealPolitik: Você apoia queimadas e desmatamentos?

— Olá, este é o terceiro podcast IdealPolitik, especialmente para Os Divergentes. Aqui,
vamos analisar toda semana o reality show da política e o acontecimento da ordem do dia é a Assembléia Geral das Nações Unidas, que trouxe como pauta central a Amazônia e o
meio ambiente.

— Você, está ao lado da soberania do Brasil sobre a Amazônia ou acredita que a defesa
dela é maior dos que as fronteiras nacionais?

— Essas são as primeiras exigências que o seu ego e talvez os os seus grupos de trabalho,
família e amizade fazem para você, pressionados pelo dia a dia ansioso e polarizado. Mas,
já pensou se é realmente necessário? É preciso ter cuidado, por exemplo, para não cair na
Janela de Overton.

— Essa é uma técnica que consiste em fazer setores da sociedade aderirem gradualmente
a opiniões das quais discordam, atraídos pela simpatia por um argumento secundário
agregado ao original. É uma das ilusões que faz com que você, digamos, seja contra o
desmatamento e as queimadas, mas diante de uma ameaça real ou imaginária de ver a
Amazônia gerida por estrangeiros, apoia uma retórica nacionalista abertamente
antirregulatória.

— Há, porém, outros estados de consciência que podem ser acessados se você, ao encarar
uma notícia, parar, respirar e buscar outros ângulos.

— Um deles é se colocar como expectador de si mesmo no contexto em que você está
inserido aqui e agora, como observador de como a sua opinião se forma sobre a conjuntura
e buscar compreender um assunto com atenção plena e curiosidade. É uma opção para
conhecer a verdadeira natureza de qualquer establishment político: governar você em vez
de ser a manifestação do seu poder interior de ser o governo.

— Concentre-se em quem é você neste jogo? Você é alguém que tem terras no Norte, no
Centro-Oeste, que quer expandir sua produção? É um investidor em empresas que seriam
beneficiadas com a expansão da fronteira agrícola?

— É melhor para você fazer coro com a ideia de que os países desenvolvidos usam o
ambientalismo para reduzir o espaço do Brasil no comércio mundial ou se somar aos fundos e bancos que estão se comprometendo com a sustentabilidade e se afastando de países com dificuldades em cumprir tratados internacionais?

— Se grandes capitalistas deixam claro que podem e querem adaptar seus negócios à
proteção ambiental, o que isso tem de ruim e inviável? Sendo assim, em vez de se
preocupar com o potencial econômico desperdiçado pela proteção ambiental, não é melhor
prestar atenção, antes, no potencial desperdiçado pelo desemprego?

— Um outro estado de consciência é quando você silencia a mente sozinho, pode sentir a
vida pulsando em você, ali, quietamente, sem precisar estar em uma atividade eletrizante. O que você sente é o mesmo que, à sua maneira, sentem os animais e plantas que estão em áreas devastadas, queimadas ou ameaçadas atualmente. A vida é real e única, como é
para você.

— Por quê apoiar a destruição gratuita da vida? Pela ideologia desenvolvimentista, pela
ideologia liberal, pela ideologia conservadora? É como aquele ardoroso opositor da lei da
palmada: de onde vem tanta vontade de agredir um filho e de exigir que todos o imitem?

— Uma ideologia muito popular até recentemente era de que grandes projetos hidrelétricos
trariam desenvolvimento e, por isso, eram defendidos como mais importantes do que
artefatos arqueológicos, ciclos naturais dos animais e vegetais ou mesmo que certas
espécies. Depois, soube-se que muitos desses grandes projetos foram fontes intermináveis
de propina e malefícios aos próprios centros urbanos de seu entorno, como o incremento da violência, do tráfico de drogas e da exploração sexual infanto-juvenil.

— São apenas ideias que passam e voltam no ciclo de impermanência da vida não só
natural, como da social. Um dias desses governava o PSDB, em seguida o PT, logo mais o
MDB, hoje Bolsonaro e amanhã haverá novos arranjos. Esqueça por um minuto que
bilionários globalistas financiam ambientalistas e que bilionários nacionalistas financiam o
negacionismo climático, a contradição fundamental é se, nessa impermanência, sua ação
fará a vida progredir ou regredir; e o aspecto principal da contradição é para qual dos dois
destinos você construirá condições favoráveis.

— Antes do politicamente correto x o politicamente incorreto, tem o respeito, a compreensão e o despertar para as infinitas possibilidades do exercício da liberdade de pensar com a própria cabeça.

— Este podcast homenageia dois conterrâneos paraenses: o ecologista Camilo Viana, que
se encantou na semana passada, com mais de 90 anos como prova viva da natureza
manifesta em ser humano. E a ecóloga Ima Vieira, que foi convidada pelo Para Francisco
para ser perita da Secretaria-Geral do Sínodo da Amazônia e explicará cientificamente as
ameaças à Criação.

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