A propósito dos Jogos de Tóquio, relembremos da pioneira geração de prata do voleibol do Brasil

Geração de prata na Olimpíada de Los Angeles - Foto Orlando Brito

Geração de prata. Assim ficou conhecida a seleção de vôlei do Brasil que, apesar de não conquistar o alto do pódio nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984, deu início a um vitorioso curso nas competições internacionais. Perdemos de viarada por 3 a 2 para os americanos, donos da casa.

Foi nessa época que a equipe brasileira entrou para a elite do voleibol internacional. Desde lá, está entre as favoritas de qualquer competição que participe. Foi também a base em que se construiu a geração dourada, campeã da Liga Mundial por cinco vezesconsecutivas, de 2003 a 2007. Copas do Mundo das quadras. Ganhou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona-1992 e Atenas-2004. Nos Jogos do Rio-2016, novamente o ouro. Sob o comando de Bernardo Resende e José Roberto Guimarães.

E agora, em Tóquio, sob o comando de Renan Dal Zotto, tenta repetir o sucesso. Bom lembrar que a equipe feminina também tem história parecida.

No início da década de 1980, os atletas tinham brilho restrito ao Brasil. Mas a essencial “geração de prata” abriu o caminho para o sucesso. Praticamente nenhum atleta brasileiro jogava no Exterior. Todos defendiam clubes do eixo São Paulo-Rio-Minas. Com a novidade da transmissão dos jogos pela TV e o patrocínio de empresas privadas, o esporte ganhou popularidade e revelou ídolos. Grandes nomes, hoje não muito reconhecidos.

Em 1984, eles superaram os tradicionais vencedores de até então, cubanos, russos, italianos, americanos, holandeses. O técnico era Bebeto de Freitas. Mas aquela seleção tinha Bernardinho, Renan, William, Bernard, Xandó, Montanaro, Paulão e outros crades. O time dos “prateados” abriram o campo para os “dourados”, vieram os times de Tande, Nalbert, Maurício, Marcelo Negrão, Giba etc.

Hoje Renan é técnico da Seleção que tenta o ouro em Tóquio. Mas em 1984, foi brilhante atacante da geração de prata do Brasil – Foto Gaspar Nóbrega/COB
Bruno Resende, filho de Bernardinho e da estrela do vôlei feminino, Vera Mossa – Foto Júlio César Guimarães/COB
Jogos de Los Angeles, em 1984: A equipe do volei feminino do Brasil, com destaque para Jaqueline, Isabel e Vera Mossa, mãe Bruninho Resende – foto Orlando Brito

Hoje — ainda mais no Japão, pátria das mais avançadas tecnologias digitais — a comunicação é fácil, imediata, online, com os aparelhos celulares, tablets etc. Em edições anteriores, ao chegar para a cobertura de uma Olimpíada, os jornalistas recebiam um livreto com informações que facilitam em muito seu trabalho. Por exemplo, a distância do Centro de Imprensa para os locais de competição de cada modalidade, horários de saída dos ônibus que os levam aos estádios e outros detalhes que não se referem intrinsecamente às partidas.

Para os fotógrafos, o que interessa mesmo é o mapa que detalha três coisas: as condições de iluminação, os locais reservados pelo Comitê Olímpico para nós e, agora, a senha do wi-fi para transmissão imediata das imagens que produz.

Mas nos Jogos de Los Angeles, quando cheguei ao ginásio onde o vôlei masculino do Brasil iria enfrentar a Coréia, já sabia que luz encontraria e em que lugar eu ficaria. Cada esporte requer uma “pegada” para retratá-lo. O vôlei é um esporte dinâmico, de velocidade, lances variados e jogadores que se alternam para mascarar táticas. Para ser considerada boa para o leitor, uma foto deve conter não somente o impacto dos lances. Mas também, o posicionamento dos atacantes e defensores, a postura de cada um nos bloqueios, por exemplo. É comum, depois das partidas, os jogadores analisarem as fotografias para ver sua colocação. Como esta aí, que mostra os craques Bernard, William e Renan no bloqueiro da cortada de um coreano.

Orlando Brito

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