O cacique Raoni Kayapó pode ser o primeiro Prêmio Nobel do Brasil

Raoni na audiência pública da Câmara para discutir a preservação das terras indígenas, ao lado da deputada Joênia Wapichana - Foto Orlando Brito

É difícil saber ao certo a idade precisa de um índio que tenha nascido no interior do Brasil ainda no início do século passado, mesmo sendo ele um nome importante e internacionalmente famoso. É o caso do cacique Raoni Metuktire, da etnia Kayapó, que habita a região Sul do Pará.

Quando e onde Raoni nasceu, em plena floresta amazônica, obviamente, não havia cartório, prefeitura ou outro meio para registro de pessoas. Para calcular, então, a idade de alguém como o cacique, os antropólogos buscam informações que possam oferecer indícios da data. Por exemplo, um ano que tenha chovido muito, ou pouco; que a colheita foi boa, ou ruim etc. Algo assim.

Portanto, calcula-se que Raoni pode ter nascido entre os anos 1919 e 1929. O dia e o mês são também desconhecidos, um mistério. Nem ele ou seus parentes sabem com precisão. Logo, o índio genuinamente brasileiro, e que agora está indicado para receber o Prêmio Nobel da Paz por instituições internacionais que defendem o meio-ambiente, pode estar agora com 100 ou 80 anos.

Foto Divulgação do Vaticano

Raoni é um personagem ímpar. Tem discuso, prestígio e pensamento próprio sobre a preservação da natureza. Essa bandeira, aliás, é o que leva a ser recebido pelas mais altas personalidades mundiais, Por exemplo, os papas João Paulo II e Francisco e presidentes de vários países, a própósito de Jacques Chirac e Emmanuel Macron.

Bom lembrar que nos anos 1980 Raoni varou o mundo em companhia do cantor Sting, sempre em defesa da floresta amazônica. Tem documentário de cinema com seu nome, indicado para o Oscar, em 1978. E até o ator Marlon Branco, no auge de sua fama, fez questão de tomar parte na fita. Raoni tem prestígio.

Raoni, ao lado do sobrinho Megaron, com o astro do rock Sting e os artistas brasileiros Gilberto Gil e Rta Lee – Foto Orlando Brito

Em 1992 publiquei o um livro intitulado “Senhoras e Senhores”, com oitentões e noventões famosos do Brasil. É claro que não deixei de convidar Raoni para figurar nas páginas, ao lado de estrelas de nossa cultura, como os poetas João Cabral de Mello Neto e Mário Quintana; os atores Mário Lago e Grande Otelo; os compositores Zé Kéti e João de Barro, o Braguinha; o arquiteto Oscar Niemeyer; o urbanista Lúcio Costa; a escritora Rachel de Queiróz. E também Dom Hélder Câmara e o indigenista Orlando Orlando Villas-Boas, que igualmente foram também cogitados para receber o Nobel da Paz.

Perguntei-lhe o que significa a para ele a fama. E sua resposta foi:

— Para que serve a fama? No mato não tem fama.

 

 

 

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