O antropólogo Darcy Ribeiro e o cacique Mário Jurunã – Criador e criatura

O antropólogo Darcy e o cacique Juruna - Foto Orlando Brito

Convenção Nacional do PDT – Partido Democrático Trabalhista, em 1981, no Plenário 2, das Comissões da Câmara, em Brasília: Darcy Ribeiro expõe seus argumentos para que o cacique Mário Juruna aceite ser candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro.

Darcy o convenceu. Juruna, aceitou. Concorreu e se elegeu.

O mineiro Darcy Ribeiro era antropólogo, político, intelectual. Mas, sobretudo era sedutor. Um dos idealizadores da UnB, a Universidade de Brasília.  Foi chefe da Casa Civil do governo João Goulart e, por conta do golpe militar de 1964, teve de trocar o Brasil pelo exílio na Europa. Somente retornou ao país, em 1979, com a aprovação da lei de Anistia. Era amigo inseparável de Leonel Brizola, de quem foi vice-governador do Rio. Foi quem quem assegurou a construção do Sambódromo da Marquês de Sapucaí, mais uma bela obra de Oscar Niemeyer.

O capitão Mário Juruna nasceu em Mato Grosso, tornou-se líder dos índios Xavantes, chefe da aldeia de Namunkurá, no Rio das Mortes. Ficou conhecido quando deixou sua aldeia para percorrer, na década de 1970, os gabinetes do poder em Brasília munido de um gravador com o qual registrava a voz das autoridades que prometiam e não cumpriam as promessas com as aldeias indígenas. Foi primeira página em todos os jornais. Cai na graça popular.

Darcy morreu de câncer, em 1997, aos 75 anos, quando era senador pelo Rio de Janeiro. E Juruna de diabetes, em 2002, aos 60, praticamente esquecido e abandonado em sua casa no Guará, uma das cidades-satélite do Distrito Federal.

Orlando Brito

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