Constituinte de 88 – Lágrimas e sorrisos de Dante de Oliveira

Dante de Oliveira e as emendas populares que chegavam para a Constituinte. Foto Orlando Brito

Fotografia é História

Salão Negro do Congresso Nacional, em Brasília: o deputado Dante de Oliveira, autor do projeto que previa eleições para presidente da República em pleno regime militar, acompanha a chegada de emendas populares, transportadas como pacotes para serem incluídas ou não na nova Constituição Brasileira, a de 1988. Isto aconteceu, portanto, depois da derrota de sua proposta do Diretas-Já – ainda no governo Figueiredo – na instalação da Constituinte, no período Sarney.

Como foiDurante a campanha do Diretas-Já, os jornalistas que cobríamos a política viajávamos praticamente toda semana Brasil a dentro. Seguíamos a grande caravana que se deslocava para os comícios de avião, ônibus, barcos, de todas as maneiras. Era um mundo composto de senadores, governadores, deputados, prefeitos, vereadores, empresários, intelectuais, sindicalistas, juristas de renome, artistas famosos etc. Tinha de tudo, na verdade.

Nos comícios e caminhadas estavam sempre nomes bem conhecidos. Entre eles Ulysses Guimarães, José Richa, Fernando Henrique Cardoso, Tancredo Neves, Mário Covas, Fafá de Belém, Lula, Fernando Lyra, Ruth Escobar, Jarbas Vasconcelos, Leonel Brizola, Franco Montoro, Almir Pazzianotto, Osmar Santos e, claro, Dante de Oliveira.

Aquela caminhada cheia de emoções, evidentemente, aproximou pessoas, propiciou grandes amizades. Em 2005, vinte anos depois da derrota das Diretas, Dante procurou-me para auxiliá-lo em um livro que escrevia em parceria com Domingos Leonelli, deputado pela Bahia à época da cruzada pelas diretas. Montamos uma agenda de trabalho de modo que a cada duas semanas nos reuníamos para rever e identificar fotos, organizar anotações e, principalmente, relembrar fatos.

E foram muitas as histórias que conseguimos recuperar. Leonelli relembrou algumas. Dante, várias. Contou que poucas vezes em sua vida havia chorado. Uma delas, de tristeza, na madrugada de 26 de abril de 1984, ao ver sua emenda ser arquivada pelo Congresso. Outra, de alegria, em seis de outubro de 1988, após a aprovação da nova Constituição. Em ambos os momentos as lágrimas que verteu caíram sobre os ombros da maior amiga que fez durante as viagens do Diretas, a cantora Fafá de Belém, considerada a musa da campanha.

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