Francisco Gros e as verdinhas do Banco Central

O carioca Francisco Gros sempre esteve ligado à Economia. Formado na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, foi presidente da Comissão de Valores Mobiliários, do BNDES, da Petrobrás e, por duas vezes, do Banco Central, a última de 1991 a 1992. Fez parte da equipe que trabalhou no programa de recuperação e abertura econômica do Brasil. No governo Collor, foi também um dos negociadores da dívida brasileira com o Clube de Paris e o Fundo Monetário Internacional.

Como foi – A foto que ilustra as páginas amarelas da revista Veja obedecia a uma determinada receita editorial. Era norma. O entrevistado devia mostrar-se ambientado com elementos visuais relacionados com sua atividade. A ideia era que fizesse pose olhando para a câmara. O objetivo era dar a sensação de que o personagem estava dialogando vis-à-vis com leitor.

Naquela semana, era a vez do doutor Francisco Gros. Por duas horas, enquanto durou a entrevista, não fiz nenhum clic, já que a conversa deu-se em seu gabinete, ambiente nada atraente para uma imagem e inteiramente fora do costume da revista. Ao final, Gros não se opôs a irmos ao caixa forte do Banco Central, localizado em um dos pisos subsolos do edifício. Não sei qual deles. Para chegarmos até lá, os guardas de segurança nos fez trocar de elevador várias vezes, sempre impedindo a visão da caixinha de botões luminosos e a régua que indica a localização dos andares, obviamente uma forma de manter o segredo da localização do cofre de tio patinhas.

Cumpri o trato de não fotografar nada além da cena posta perante minha câmara. Lembrei-me de nove anos antes, quando o presidente do BC era Carlos Langoni e permitiu-me retratá-lo, também para Veja somente na porta de aço do grande depósito que guarda as reservas financeiras da União.

Gros, ele mesmo Francisco Gros, homem acostumado a lidar com altas finanças e grandes valores, com cifras bilionárias, confessou jamais ter estado diante de tamanha grana. Imagine eu. Nunca vi outra foto que mostre volume tão grande de dinheiro.

Francisco Gros faleceu em 2000, com 68 anos, em São Paulo.

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