Da série “Perfis brasileiros”: André Franco Montoro

Franco Montoro no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo - Foto Orlando Brito

Aos 18 anos, o paulistano André Franco Montoro entrou para a faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Ao mesmo tempo, cursou e formou-se em Filosofia e Pedagogia. Queria satisfazer o antigo desejo do pai tipógrafo de origem italiana e da mãe descendente de espanhóis. Seguiu em frente. Tornou-se professor e procurador de seu estado. Na mesma eleição em que Jânio Quadros iniciou sua carreira política, elegeu-se vereador.

Para Montoro, era o começo da vida pública que só terminaria mais de cinqüenta anos depois. Teve um mandato de deputado estadual e três de federal. Em 1961, assumiu o ministério do Trabalho e Previdência Social do governo parlamentarista de Tancredo Neves. Com a deposição de João Goulart, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro, hoje PMDB, elegendo-se senador por duas vezes.

Em 1982, na primeira eleição direta desde o golpe militar, André Franco Montoro candidatou-se governador de São Paulo. Ganhou do antigo colega de PDC e ex-presidente Jânio Quadros e do sindicalista Luis Inácio Lula da Silva. Escolheu para secretário de Segurança de São Paulo, o advogado Michel Temer. Foi nessa época que fiz essa foto para a Veja, revista na qual eu trabalhava.

Montoro então eixou sua vaga no Senado, para o suplente Fernando Henrique Cardoso. Franco Montoro foi a todos os comícios do Diretas-Já, movimento que exigia eleições populares para a Presidência da República, e também um dos articuladores da escolha de Tancredo para o Planalto.

Com a volta do pluripartidarismo, Franco Montoro liderou a fundação do PSDB. Concorreu novamente ao Senado, em 1989, mas desta vez foi derrotado por Eduardo Suplicy, do PT. Em 1994, conquistou pela quarta vez uma cadeira na Câmara Federal. Faleceu em 1999. Em seu enterro, foi aplaudido por ter sido uma das vozes mais ativas em defesa da democracia.

Orlando Brito

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