Argentina chora a morte do ex-presidente Carlos Menem

O ex-presidente Carlos Menem com os cozinheirosem Ica, no Peru - Foto Orlando Brito

A Argentina perdeu um de seus expoentes da história política: Carlos Menem, que presidiu a república por quase dez anos, de 1989 a 1999. Foi, aliás, aquele que mais tempo ocupou a Casa Rosada, período em que desenvolveu politica liberal na economia com privatizações de empresas públicas. Ao assumir, anistiou os militares que comandaram o país anos antes de Raúl Alfonsín, a quem sucedeu.

Menem era o tipo figuraça, popular, bom papo, descontraído, fã das casas de tango de Buenos Aires. E atleta. Casou-se duas vezes. Na primeira, com Zulema Yoma, teve três filhos. E depois que deixou a presidência da Argentina e elegeu-se senador, com a bela Cecília Bolocco, ex-miss Universo, do Chile.

Em 2003, Carlos Menen concorreru novamente à presidência e até passou para o segundo turno, contra Nestor Kirchner. Mas, temendo ser derrotado, desistiu. Depois, teve vários, vários problemas com a justiça, acusado de corrupção, inclusive por contrabando de armas. Sua morte foi nesse domingo, dia 14 de fevereiro, acometido por diabetes e problemas do coração. Tinha 90 anos.

Menem na quadra de tênis do hotel em Gramado, no Rio Grande do Sul, antes do encontro com então presidente do Brasil, Fernando Collor, 1992 – Foto Orlando Brito

Nem sei quantas vezes fotografei Carlos Menem, quando veio a Brasília em visitas oficiais e, em Buenos Aires em muitas ocasiões. Porém, a que mais me marcou foi no Peru, em 1989. Recém empossado presidente da Argentina, Carlito preocupava-se em construir a imagem de homem simples, ligado às classes trabalhadoras.

Desta vez eeu estava na pequena cidade peruana de Ica para cobrir o encontro de presidentes do Brasil, Uruguai, Venezuela, Colômbia, Peru, México e Argentina. Hoje não parece, mas naquela época era muito importante aquela cumbre. Reuniam-se para debater o progresso da democracia nos países latino-americanos, até poucos anos antes governados em sua maioria por regimes militares.

O argentino Carlos Menem, eleito pelo partido peronista, ligado aos trabalhadores, fazia todo esforço para mostrar-se descontraído, popular. Assim que chegou ao hotel onde se realizava o fórum, soube que um argentino trabalhava como garçom. Foi direto ao seu encontro. Não demorou, estava cercado de cozinheiros e usando chapéu de mestre-cuca.

Orlando Brito

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