30 anos depois de 1988, a eleição de outubro próximo também será um enigma

Ulysses Guimarães com o jovem marqueteiro Luiz Gonzales e a apresentadora de seu programa na tevê, Silvia Popovic. Foto Orlando Brito

A campanha de 1988 da início à eleição de 1989. Em torno de 82 milhões de brasileiros estavam aptos a irem às urnas escolher o novo presidente da República, aquele que iria governar após José Sarney. A população do País era de 144 milhões de pessoas e fazia três décadas da última eleição direta para o Palácio do Planalto. O clima de liberdade após 24 anos do regime militar dava às ruas o colorido e a movimentação das campanhas.

Enorme era o tamanho e o interesse de cada cidadão em reconquistar e exercer o direito do voto. Vinte e dois concorrentes tiveram suas candidaturas homologas pelo Tribunal Superior Eleitoral.  Onde quer que você fosse, havia aglomeração de partidários, carreatas, caminhadas, panfletagem. Afinal, o voto direto para Presidente era uma novidade.

Brizola e Fernando Lyra. Brasília, 1988. Foto Orlando Brito

Veja a lista de candidatos e repare na variedade de nomes bem conhecidos e de não famosos que se lançavam na política: Fernando Collor (PRN), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Leonel Brizola (PDT), Mário Covas (PSDB), Paulo Maluf (PDS), Guilherme Afif Domingos (PL), Ulysses Guimarães (PMDB), Roberto Freire (PCB), Aureliano Chaves (PFL), Ronaldo Caiado (PSD), Affonso Camargo Neto (PTB), Enéas Carneiro (PRONA), Marronzinho (PSP), Paulo Gontijo (PP),  Zamir José Teixeira (PCN), Lívia Maria Pio (PN),  Eudes Oliveira Mattar (PLP), Fernando Gabeira (PV), Celso Brant (PMN), Antônio dos Santos Pedreira (PPB), Manoel de Oliveira Horta (PDCdoB),  Armando Corrêa (PMB).

Cada um deles à sua maneira e com suas possibilidades desenvolveu o ritmo de sua campanha. Todos tiveram acesso ao programa do horário eleitoral do TSE, evidentemente com o tempo percentualmente distribuído para cada chapa, segundo os critérios da lei. A criatividade, porém, fez diferença e refletiu no resultado final nas urnas. 1988 trazia novidades que arrebatavam a atenção do eleitor, a exemplo dos debates entre os candidatos na tevê, vistos por milhões de espectadores. A ação do chamado marketing político entravam em campo.

Eleitora de Collor no clima da campanha nas ruas de Goiás, 1988. Foto Orlando Brito

Agora, precisamente  trinta anos depois daquela eletrizante eleição, o destino do Brasil estará mais uma vez nas urnas. Quanta coisa mudou na história do País, na vida daqueles candidatos e na rotina da população. Hoje somos em torno de 207 milhões de habitantes e 144 milhões de eleitores. Veja que interessante: o número de eleitores nessa eleição é o mesmo de toda a população daquela época.

Naquela eleição que começou em 1988 e só terminou em 1989, os votos nulos, brancos e abstenções chegaram a vinte por cento. Resta saber – e cada um de nós faz previsões – dos números que teremos em outubro próximo. Quantos, enfim, candidatos haverá? Que número de brasileiros irá às urnas? Qual será a quantidade de votos válidos? Quem, afinal, será o novo presidente?

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