Mulheres influenciam relevância de candidatos no Twitter

Por Maria Luiza Abbott e Marcelo Stoppa

A agenda das mulheres dominou a conversa no ecossistema das eleições no Twitter entre 13 e 20 de setembro e mexeu com a posição dos candidatos no ranking semanal de relevância e visibilidade (R&V). Pela primeira vez em 28 semanas de pesquisa da AJA Solutions sobre as eleições nas redes, todas as candidatas a vice – do PT, do PDT, do PSOL e do PSDB – deram forte contribuição para impulsionar a fatia de R&V das chapas no Twitter. Já Marina Silva (Rede), única mulher concorrendo à presidência, voltou a subir depois de três semanas em queda. Marina saltou de 7º para 4º lugar no ranking, impulsionada por tuítes em defesa das causas femininas, segundo indicam as métricas da pesquisa da AJA.

Na briga das hashtags, o movimento de mulheres nas redes sociais contra o candidato Jair Bolsonaro, iniciado com um grupo no Facebook, conseguiu derrotar as ações coordenadas da campanha do candidato do PSL no Twitter. As hashtags #elenão, #elenao e #elenunca obtiveram 2,3 mil pontos a mais de relevância em relação à hashtag #elesim, criada por apoiadores de Bolsonaro para enfrentar o movimento das mulheres.

A chapa do PT, formada por Fernando Haddad-Manuela D’Ávila, foi a que mais se beneficiou da agenda de afirmação das mulheres. Cresceu 12 pontos percentuais na semana, alcançando 2º lugar, impulsionada especialmente pela comunicação de Manuela e por sua trajetória consolidada em defesa dos temas das mulheres. O desempenho da candidata a vice contribuiu com quase ⅔ da fatia de R&V da chapa na semana. A chapa do PT recebeu também o reforço do perfil @LulaOficial, que continua com alta relevância – superior à de outros nove candidatos – e em plena atividade como cabo eleitoral no Twitter. Haddad conseguiu aumentar sua fatia de R&V em 80% desde a semana passada, quando foi confirmado como candidato do PT.

A chapa de Jair Bolsonaro-General Mourão continuou em 1º lugar no ranking, embora sua relevância tenha caído mais de 4 pp em relação à semana anterior ao atentado contra ele nas ruas de Juiz de Fora, no começo do mês. Também atraiu relevância negativa com as críticas do General Mourão às famílias lideradas por mulheres – “famílias de mães e avós são fábricas de desajustados” – e com o ciberataque sofrido pelo grupo de Facebook #mulherescontrabolsonaro. O ataque, atribuído a apoiadores do deputado do PSL, tirou o grupo do ar, em meio a ameaças às administradoras.

A campanha de Bolsonaro foi rápida: promoveu um grupo de apoio a ele no Facebook #mulherescombolsonaro e passou a postar tuítes de mulheres a favor dele para conter o dano, mas não condenou o ciberataque. Obteve impulsionamento positivo com os primeiros resultados da estratégia iniciada na semana passada de desvincular o candidato da imagem de valentão que existia até o atentado contra ele.

Em 4º lugar no ranking da semana, a chapa Ciro Gomes-Kátia Abreu, do PDT, que teve forte queda de relevância, confirmando a alta volatilidade do ambiente nas redes. Depois de subir mais de 20 pontos percentuais no período de 7 a 13 de setembro, a fatia de R&V da chapa do PDT perdeu 16 pp esta semana. A queda foi resultado da menor participação dele em mídia espontânea, mas foi parcialmente compensada pela contribuição das mulheres. Um conjunto de tuítes da senadora Kátia Abreu criticando a posição do general Mourão em relação às mulheres e um tuíte de Ciro de um vídeo de apoio da atriz Patricia Pillar, sua ex-mulher, estão entre os que mais impulsionaram o desempenho da chapa.

Entre as candidaturas mais bem situadas nas pesquisas de intenção de voto, a chapa Geraldo Alckmin-Ana Amélia Lemos, ficou em 7º lugar, com uma pequena queda de pouco menos de 1pp em sua fatia de R&V. O problema é que os dois continuam atraindo sentimento negativo em seus tuítes de maior ressonância. Nesta semana, ela contribuiu para a relevância positiva da chapa com um tuíte contra o ciberataque ao grupo #mulherescontrabolsonaro e acabou atraindo críticas de Paulo Guedes, economista indicado como principal assessor de Bolsonaro.

Entre os nanicos, a chapa do Partido Novo, formada por João Amoêdo-Christian Lohbauer, ficou em 5º lugar no ranking de R&V, com pequena queda e mantendo a tendência decrescente pela terceira semana. Em 6º lugar, a chapa do PSOL, Guilherme Boulos-Sonia Guajajara, que também caiu e manteve a tendência declinante, mas teve impulsionamento significativo da vice pela primeira vez desde a confirmação das candidaturas, graças a um tuíte dela conclamando as mulheres a derrotar Bolsonaro.

A pesquisa da AJA analisou 3.586.639 interações entre 1.497.392 usuários no ecossistema das eleições no Twitter na semana de 13 a 20 de setembro. Os números mostram o crescente interesse pela eleição na rede. Os mapas de relevância e visibilidade e de influência e afinidade dos pré-candidatos revelam os erros, acertos e os caminhos que podem ser feitos para ganhar relevância na rede. A versão interativa dos mapas está disponível para assinantes. Para continuar a leitura, clique aqui.

 

Mapeamentos da rede

Colhemos 3.586.639 interações entre 1.497.392 usuários na semana de 13 a 20 de setembro nas redes sociais para investigar a visibilidade dos principais pré-candidatos à próxima eleição presidencial no Brasil. Em seguida, filtramos os dados descobrir onde estão interações mais relevantes para em seguida mapear o comportamento do usuário-eleitor: como interage com o conteúdo publicado pelos candidatos, o que compartilha, como se organiza e como participa nas redes sociais com suas opiniões, hashtags e memes.

O resultado do mapeamento, além das análises aqui apresentadas, são representadas visualmente em forma de duas cartografias que representam visibilidade, relevância e afinidade. A primeira cartografia abaixo é feita de pontos que podem ser um tuíte, um usuário, uma imagem ou uma hashtag (veja a legenda). Já tamanho de cada ponto é proporcional à visibilidade e à relevância que lhe é aferido. As linhas mostram os fluxos de mensagens e conexões entre usuários.

Em seguida, a segunda cartografia tem a mesma estrutura da primeira, porém com uma diferença: as cores indicam comunidades. No caso das eleições, cada cor delimita uma zona de influência de um candidato, indicando quais usuários ou mensagens estão em maior afinidade com ele. Deste modo, podemos visualizar a variação do crescimento das zonas informacionais de cada um dos candidatos e o fluxo de informações entre as diferentes esferas de influência.

Ao final de cada mês, apresentamos gráficos da performance no Facebook dos candidatos.

Esta visualização de dados possui uma versão interativa, disponível para todos os navegadores e sistemas operacionais e que permite explorar a nuvem de usuários, com todos os dados que coletamos. O acesso é gratuito para assinantes da nossa newsletter semanal. Entre em contato conosco para uma demonstração do relatório completo ou seja notificado por e-mail quando um novo relatório estiver disponível.

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