Bolsonaro diz ao Partido que não há recursos para as campanhas regionais

Deputado Jair Bolsonaro. Foto Orlando Brito

O candidato do PSL, deputado Jair Bolsonaro, deu o tom da divisão do bolo do Fundo Especial de Financiamento de Campanhas, o chamado “fundão”, de seu partido, nas próximas eleições: os diretórios regionais não devem esperar desembolsos da direção nacional para financiar as campanhas nos estados. Cada qual que se vire.

O candidato deu essa diretriz a seus seguidores no Rio Grande do Norte, no último fim-de-semana.

Bolsonaro esteve no Estado para a organização da pré-candidatura ao governo do Estado do general de brigada Eliézer Girão Monteiro Filho, ex-secretário de segurança do RGN. O PSL está numa mobilização frenética para organização de suas bases, em todo o País. No Rio Grande do Norte, já tem diretórios instalados em dois terços dos municípios, segundo o presidente do diretório municipal do partido em Natal, Joufran Siqueira, principal organizador das candidaturas do general Girão e do brigadeiro Carlos Eduardo Costa ao Senado. O brigadeiro é filiado ao Patriotas.

O presidente nacional do PSL, o advogado Gustavo Bebiano, disse que o partido e seus candidatos deverão rejeitar os recursos do Fundão para suas campanhas. Com oito deputados federais, o partido teria direito a uma parcela entre três e dez milhões de reais. Esses valores são uma fatia mínima do bolo geral de mais de dois bilhões de reais.

Em Natal, Bolsonaro justificou-se dizendo que votou contra o projeto do Fundão, na Câmara. No entanto, observadores dizem que essa quantia é tão pequena que não daria para cobrir minimamente a demanda da recursos de uma campanha presidencial de um candidato de grosso calibre, como é o caso do capitão-candidato. Melhor recusar e denunciar.

Os candidatos militares estão buscando alternativas para financiar a campanha, como o crowdfunding, a popular vaquinha. Para isso, contam com a mobilização pelas redes sociais pelo ativo Clube Militar, com sede na Cinelândia, na região central do Rio de Janeiro. É lá, também, que, sob a coordenação do general Antônio Mourão, estão sendo elaboradas propostas comuns para o embate eleitoral, entre outras, medidas contra a corrupção e o combate de forma organizada à criminalidade em todo o país.

O movimento é corporativo, apartidário, com oferta de nomes a outras legendas. O objetivo é formar um bloco parlamentar, uma bancada corporativa a exemplo de outros segmentos pluripartidários, como as chamadas Banca Evangélica, Frente Ruralista, Bancada da Segurança ( integrada por delegados e policiais militares) e outras.

Há duas semanas, um grupo numeroso de militares da reserva das três forças federais, Exército, Marinha e Aeronáutica reuniu-se em Brasília, sob a liderança do general de exército da reserva Augusto Heleno, para formar um elenco de candidatos em todos os estados. Até o momento esse movimento já conta com 71 pré-candidatos, sendo que 60 são filiados ao PSL. Além de Bolsonaro, são cinco candidatos a governador, três ao Senado, 31 a deputado federal e os outros a vagas em assembleias legislativas e na Câmara Distrital. A coronel Regina Moézia é a única mulher. Ela é candidata a deputada em Brasília, onde outros sete militares da reserva concorrem a governador, senador, deputado federal e distrital.

Essa articulação de militares da reserva para concorrer nas eleições é um fato positivo. A opção pelo embate eleitoral, além de ajudar a descontrair o nervoso e temeroso ambiente político, é o caminho natural em uma democracia.

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