Bancada forte e numerosa é um Plano C em estudo no PT

1992. Militante do PT senta-se na rampa do Palácio do Planalto com a bandeira do seu partido pedindo impeachment de Collor. Foto Orlando Brito

O verdadeiro Plano C do PT é ocupar os parlamentos. Este será o objetivo estratégico das próximas eleições nacionais, devendo deslocar para a Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas o grosso de suas forças, quais sejam, seus grandes nomes que podem se converterem em puxadores de votos. É o que defendem setores importante do partido.

Com isto, o partido deixaria em segundo plano os pleitos majoritários, onde a faixa de risco é muito pronunciada. Neste sentido, o Senado perde prioridade. Seus grandes nomes vão se concentrar na câmara baixa.

Por exemplo: A senadora Gleisi Hoffmann corre grande perigo de não ser reeleita no Paraná, onde vai enfrentar o governador Beto Richa e outros pesos pesados. Entretanto, se for para a Câmara Federal, levará consigo outros três parlamentares que não alcançariam o quociente.

Este é o mesmo caso de outros dois grandes puxadores de votos que estão a ponto de serem lançados para o Senado, Patrus Ananias, em Minas Gerais, e Eduardo Suplicy. Os dois fazem parte do trio de reservas históricas do partido, ao lado do gaúcho Olívio Dutra, que também pode reaparecer em cena nas próximas semanas.

Eduardo Suplicy é um caso à parte, pois este político é um verdadeiro turbilhão nas urnas. Segundo as estimativas, poderia, no eleitorado paulista, ser uma espécie de Tiririca (estamos falando de puxadores de votos, não de personalidades) levando consigo uma bancada inteira. O atual vereador arrancaria com mais de um milhão de votos em São Paulo. Além disso, indo para a Câmara aliviaria o congestionamento de Suplicys na chapa majoritária, pois sua ex-mulher Martha Suplicy deve ser candidata à reeleição pelo MDB.

Esta situação se repete em outros estados, onde os senadores em pleno mandato correm riscos em suas reeleições, mas poderiam ter votações consagradoras na Câmara Federal ou em assembleias. São exemplos: Fátima Bezerra, no Rio Grande do Norte, Lindbergh Farias, no Rio de Janeiro, Humberto Costa, em Pernambuco e até mesmo um Paulo Paim, do Rio Grande do Sul, que tem cadeira cativa no Senado, pois lidera as pesquisas ao lado da pepista Ana Amélia.

No entanto, algumas lideranças petistas argumentam que Paim poderia ser um arraso na chapa proporcional, levando uma fieira de deputados no seu vácuo, servindo melhor aos interesses do partido que voltando ao Senado, onde tem uma atuação discreta, petisticamente falando. Com isto abriria vaga para o ex-governador Tarso Genro ou à Dilma Rousseff, que estão sem espaço para candidaturas condizentes a seus status no parlamento do ano que vem. Além disso, Paim tem sido cogitado para o governo do Estado, caso a candidatura de Miguel Rossetto não decole.

Fernando Haddad atual prefeito da cidade de São Paulo e candidato a reeleição. Foto Orlando Brito

O PT deverá ter candidato a cabeça de chapa nacional, mas já está negociando o segundo turno, caso Fernando Haddad não chegue à rodada final. Este foi o verdadeiro teor da conversa entre o ex-prefeito de São Paulo e o candidato do PDT, Ciro Gomes. O que foi publicado não corresponde exatamente ao conchavo. Da mesma forma o partido de Lula deverá apresentar candidatos aos governos dos estados. Mas o grande objetivo estratégico é formar uma bancada poderosa, com grandes nomes e número para fazer peso no futuro Congresso.

Este movimento estratégico já vinha tomando forma em áreas influentes do PT nacional e com grande aceitação nos três estados do Sul. Com os riscos que se apresentam à candidatura do ex-governador Jacques Wagner, manchada pelas denúncias que já vinham tomando vulto num disque-disque em Salvador. É muito risco. O PT tende a se concentrar em Haddad e jogar todos seus recursos eleitorais na formação da bancada federal e nas assembleias estaduais.

Deixe seu comentário