Após ajuste fiscal, só queda da inflação e juros pode tirar país da recessão

Presidente, Michel Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles

Economistas do governo têm buscado explicações para justificar a frustração com a  retomada do crescimento da economia, que continua no mesmo atoleiro em que estava sob o comando da ex-presidente Dilma Rousseff. O compromisso do governo Michel Temer com a responsabilidade fiscal produziu poucos benefícios sobre a política de juros, o controle da inflação e a confiança no consumo e investimento.

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do último trimestre veio como uma pá de cal na esperança de que a economia poderia crescer já no primeiro trimestre de 2017. No acumulado dos últimos quatro trimestres o PIB encolheu 4,4%, mas, se entre outubro e dezembro cair o equivalente ao último trimestre, quando o carry-over (efeito arrasto) ficou em 3,41%, será este o número final de retração da economia de 2016. A equipe econômica vinha trabalhado com queda de 3,5% do PIB, igual às projeções do mercado.

Segundo um economista do governo, o PIB caiu em função da frustração de produção da última safra e seus efeitos sobre a cadeia produtiva do agronegócio. Outros fatores:

● O setor industrial ainda está com estoques elevados e, com a baixa demanda do mercado, os empresários estão adiando os investimentos;

● Redução do emprego no setor de serviços e na indústria no lado da oferta, entre outros setores;

● A queda de renda das pessoas, o custo elevado do crédito e o risco de ficar desempregado inibem o consumo;

● O cenário internacional não é favorável para a expansão das exportações, o que poderia aquecer a atividade industrial;

Os ambientes interno e externo ainda instáveis provocam o adiamento de investimentos, sem falar que a crise fiscal inibe gasto público para ampliar a demanda agregada. E mais que isso, o próprio ambiente de negócios precisa ser melhorado com o aumento da confiança sobre a condução da política econômica e resultados concretos na redução da inflação e na queda das taxas de juros.

Por outro lado, é muito difícil explicar as razões de um país que passa por um período tão longo de recessão e com 12 milhões de desempregados tenha uma inflação resistente a taxas de juros estratosférica.

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