No 1º turno, 40 milhões de eleitores pensaram e não escolheram ninguém

No dia 4 de outubro, Os Divergentes publicaram que 42,2 milhões de eleitores prosseguiam pensando sobre o pleito de 2018. O levantamento baseava-se na pesquisa espontânea do Datafolha para Presidência da República colhida no mesmo dia.

Aberta as urnas, três dias depois, os pensadores caíram para 40,2 milhões (27,29% do total de eleitores). Este número representa a soma de votos brancos e nulos mais a abstenção apurada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Na enquete do Datafolha, os 42,2 milhões indicavam a soma de branco, nulo, não sabe ou não respondeu. Quem acompanhou a série, viu este número cair paulatinamente tanto nos números do Datafolha quanto nos do Ibope.

Eram eleitores aos poucos decidindo o andar da carruagem eleitoral. Este imenso contingente, com poder para decidir o pleito no 1º turno, preferiu se calar.

E no 2º turno?

Quais as chances destes eleitores – 3 em cada 10 – repetir tal atitude no 2º turno? Se adotarmos o pleito de 2014 (Dilma x Aécio) como termo de comparação, altas.

No 1º turno de 2014, 38,78 milhões de eleitores (27,14%) se encaixaram na categoria branco, nulo ou abstenção. Já no 2º turno, foram 37,26 milhões (26,08%).

Portanto, queda ligeiramente maior do que 1 ponto percentual (p.p.). Observe, leitor/eleitor, que a percentagem de pensadores nos primeiros turnos de 2014 (27,14%) e 2018 (27,29%) é bastante semelhante – 15 centésimos de diferença (0,15 p.p.).

Mas, apesar das semelhanças, não é possível prever esta repetição de comportamento do eleitor. Até porque as eleições de 2018 têm atipicidades muito peculiares.

2018, por exemplo, vivenciou um 1º turno de pulverização de candidatos antes só vista em 1989. Além disso, hoje vimos o fim da polarização PT x PSDB; o principal cabo eleitoral do PT transformado em presidiário; um atentado inédito a um candidato favorito & a indefectível Lava-Jato.

Além de um eleitorado de saco cheio com os políticos. Como nunca antes na história deste País.

Já o 2º turno é caracterizado por candidatos tão odiados quanto amados. A ira, como já escrevi, é a principal conselheira hodierna.

Frentista pensadora

Na sexta, 19, visitei uma cidade de porte médio no interior de Minas Gerais. Perguntei a uma simpática frentista sobre um conhecido candidato local.

“Não sei, moço. Não acompanho esses trens”, respondeu-me, sob olhar desinteressado dos colegas. Ela faz parte do grupo de eleitores indiferentes. Ou os pensadores que não escolhem.

Para Bolsonaro, que tem cerca de 20 milhões de intenções de votos à frente, de acordo com o Datafolha de 11 de outubro, melhor que a frentista permaneça indiferente. Já Haddad deve ver naquela eleitora um voto em potencial, capaz de diminuir a abissal diferença em relação ao seu rival.

O, até prove em contrário, preposto de Lula tem duas semanas para fazer o que não fez no 1º turno. Enquanto isto, Bolsonaro deve permanecer recolhido na sua residência na Barra da Tijuca.

Um, por que precisa mudar para acertar, disposto a falar como nunca. Outro, para não errar, calado o mais que puder.

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