Só São Recesso é remédio para crise entre poderes

Presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia. Foto Orlando Brito

Dirigentes dos poderes e caciques político amanheceram trocando telefonemas na tentativa de jogar água fria na mais recente estrepolia da República – a decisão do ministro Luiz Fux de mandar o Senado enviar de volta à Câmara o desfigurado projeto dos pontos anticorrupção para começar a tramitar e novo. Diante do espanto geral da República e dos protestos gerais no Congresso e no STF, a primeira ideia era providenciar um recuo de Fux.

Fácil de falar, difícil de fazer. O ministro se sentiu fustigado pelas críticas e dificilmente voltará atrás. Resta a ideia de fazer com que o plenário do STF revogue a liminar de Fux, como, aliás, fez semana passada com o afastamento de Renan Calheiros determinado pelo ministro Marco Aurélio.

Acontece que esse episódio foi considerado uma gota d’água na paciência da presidente Carmen Lúcia e de outros ministros do STF. Ficaram mal com a opinião pública e se desgastaram para resolver a crise institucional. Não pretendem repetir a dose e nem há sessão plenária prevista mais parar até ano.

Uma solução poderia ser a própria Carmen revogar a liminar acolhendo recurso durante o seu plantão de recesso. Quem convive com ela, porém, diz que vai ser difícil. Sua paciência se esgotou com essa turma.

Resta, portanto, como solução para a crise, o São Recesso. O período de férias do Legislativo e do Judiciário começa amanhã. Espera-se que acalme os ânimos, baixe a temperatura e dê espaço à discussão de uma trégua nos bastidores. Quando fevereiro chegar, o clima deve estar mais calmo.

O perigo é o Brasil gostar desse tempo calmo, livre das estrepolias constitucionais dos três poderes, e achar que não precisa mais deles…

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