Militares X Gilmar: vão processar relator de caso do filho do presidente?

Gilmar Mendes em cerimônia no Planalto, com Bolsonaro, André Mendonça e Dias Toffoli - Foto Orlando Brito

Governo, com militares à frente, e STF, na pessoa de Gilmar Mendes, voltaram a se estranhar. Um “genocídio”mal colocado pra cá, uma nota exagerada pra lá, e a semana começou sob o signo de mais uma crise institucional à vista. Mais do que assombrar o mundo político, econômico e a cidadania, como é de se esperar nessas horas, a nova crise está é dando canseira em muita gente. Antes de tudo, porque as seguidas repetições desses episódios no governo Bolsonaro estão servindo para banalizá-los. Os bombeiros entram em campo, alguém faz uma nota e… pronto, resolvida a crise.

A nota desta manhã foi de Gilmar Mendes, que deve ter sido convencido por Dias Toffoli e alguns outros de seus pares. Mas o ministro não pediu desculpas por ter dito que os militares vão se associar ao genocídio que supostamente está sendo cometido por esse governo no tratamento da pandemia do coronavírus. Apenas esclareceu não ter atingido a honra das Forças Armadas, restringindo-e a refutar a decisão do governo de botar militares à frente das políticas públicas de saúde. E pronto. Mais não deverá fazer.

O general Pazuello – Foto Orlando Brito

Os ultra-sucetíveis militares vão ter que engolir sua mágoa e, possivelmente, guardar na gaveta a representação que queriam fazer contra o ministro do STF junto à PGR. Em alguns dias, poderão até convencer o presidente da República a substituir o general Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, ou convencer Pazuello e ir para a reserva – e assim tirar essa pedra do sapato. Essa é, na verdade, a razão pela irritação do ministro da Defesa: Gilmar botou o dedo numa ferida ao tratar do desgaste da imagem dos militares no governo, pois esse é o temor mais profundo de boa parte dos oficiais da ativa.

A principal razão pela qual os militares vão ter que botar a viola no saco, porém, é bem diversa: Gilmar Mendes é o relator das ações nas quais o senador Flavio Bolsonaro luta no STF para manter seu foro especial de julgamento no caso Queiroz. Alguém imagina que o sujeito que vai julgar o filho do presidente esteja sendo processado pelos militares do governo?

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