Luz que Bolsonaro vê no futuro é um trem na contramão

Jair Bolsonaro - Foto Orlando Brito

A rodada de pesquisas dos últimos dias (Datafolha e XP-Ipespe) detectou uma queda galopante da popularidade de Jair Bolsonaro – seis pontos porcentuais em poucos mais de vinte dias – mas mostrou também que o presidente ainda conserva o apoio de uma ala radical de quase 30%, majoritariamente homens, evangélicos e na faixa salarial entre dois e cinco mínimos. Pesquisas olham para o retrovisor, e é possível que seu derretimento tenha se acelerado ainda mais. Mas o dado mais importante de todos é o que o Datafolha trouxe hoje: o isolamento decretado pelos governadores contra o vírus tem o apoio de 76% das pessoas.

Acima e além de popularidades, está o dado fundamental que aponta para o futuro: 71% dos entrevistados concordam com um eventual endurecimento das restrições, ou seja, a decretação de um “lockdown”, com a proibição de as pessoas saírem as ruas. Nada menos do que 87% acham que as escolas devem continuar fechadas, enquanto 65% aprovam que o comércio não essencial continue sem funcionar.

Tudo isso vem reafirmar que o presidente Jair Bolsonaro continua andando na contramão, e que vai continuar perdendo apoio com suas constantes críticas e ameaças de baixar decretos liberando o funcionamento do comércio e de outras atividades. Mais: vai continuar sendo o alvo daqueles que cansaram de apanhar dele, como os governadores, os comandantes do Congresso, o STF, etc. Agora pela manhã, o governador João Doria fez duro pronunciamento anunciando a prorrogação do isolamento em São Paulo e perguntando quem é que vai carregar os caixões dos mortos caso prevaleça a vontade do presidente da República.

João Dória , governaror de São Paulo- Foto GovESP

A rejeição de 59% das pessoas, segundo o Datafolha, à possibilidade de renúncia de Bolsonaro mostra que é cedo para se tratar de um afastamento de Bolsonaro  – embora renúncia não esteja em questão, já que seria um ato unilateral de quem, sabe-se, não priva da racionalidade necessária para isso. Seu comportamento, porém, permite imaginar que, em mais alguns dias, se a pergunta certa for feita – é ou não a favor do impeachment – a resposta será diferente. O mingau ainda está cru, mas vem cozinhando em fogo alto.

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