Jucá e a volta dos que não foram

Senador Romero Jucá

Há uma grande torcida na área política, e até em setores ligados ao empresariado, pelo retorno do senador Romero Jucá ao Ministério do Planejamento. A principal razão é ter um contraponto à altura a Henrique Meirelles dentro da própria equipe econômica. Interino com ambições de se efetivar, Dyogo Oliveira tentou cumprir esse papel, mas só conseguiu tornar-se alvo do ministro da Fazenda e de seus aliados, e dificilmente se sustentará muito tempo ali.

Jucá, evidentemente, trabalha para voltar – é justamente por essa razão que Michel Temer não ousou substituir Oliveira em sua interinidade. Afastado pelo vazamento de uma conversa com Sérgio Machado sobre o fim da Lava Jato, o senador não chegou a sair de verdade do governo. Lá do Senado, onde é o principal articulador de Michel, continuou participando de reuniões do governo e dando palpites na economia. Dyogo Oliveira ficou ali tomando conta do lugar de Jucá, afinado com suas orientações e, talvez por isso, irritando Meirelles, que tentou algumas vezes, sem sucesso, nomear um substituto.

Enquanto rolava o processo de impeachment no Senado, casa de Jucá, Michel tinha uma excelente desculpa para não mexer em nada. Agora, porém, a situação é diferente. Os aliados se Jucá voltaram a pressionar por seu retorno. A turma de Meirelles voltou a atirar em Dyogo Oliveira.

Algo terá que acontecer, ainda que a tendência de Michel seja empurrar o problema com a barriga. Difícilmente trará Jucá de volta, sobretudo depois da ruidosa demissão do ex-AGU Fábio Medina sob alegações de que o governo quer obstruir a Lava Jato. O bom senso aconselha distância de qualquer um dos citados na operação. É improvável, porém, que entregue o cargo de bandeja para Meirelles, numa reafirmação de sua supremacia no governo.

O perfil que se desenha é de um nome híbrido, meio técnico, meio político, que seja bem aceito no Congresso que vai precisar votar as reformas. Esse personagem teria uma missão quase impossível: manter a influência de Jucá na pasta e ao mesmo tempo agradar Meirelles. De quebra, ter a simpatia dos desconfiados tucanos. Temer examina nomes, mas está desconfiado de que esse sujeito ainda não nasceu.

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