Ida de Moro ao Senado é aceno à racionalidade

Gilmar Mendes, Renan Calheiros e Sérgio Moro no debate sobre corrupção no Senado Federal. Foto Orlando Brito

Em meio à balbúrdia da guerra entre os poderes, a presença do juiz Sérgio Moro no Senado Federal para debater a lei sobre abuso de autoridade é sinal de que ainda pode restar um pingo de bom senso entre os protagonistas da crise. Ao se expor ao embate cara a cara com os parlamentares que contestam suas decisões, e até ao ser ironizado publicamente pelo ministro do STF Gilmar Mendes, o juiz colabora para a manutenção da institucionalidade e do diálogo obrigatório entre os poderes.

Depois da atitude voluntarista e até meio infantil dos procuradores que ameaçam abandonar a Lava Jato em represália à votação da Câmara que desfigurou o projeto das dez medidas contra a corrupção, a ida de Moro mostra que ainda há chances de haver um diálogo adulto.

Dificilmente haverá negociação ou entendimento em torno do texto do projeto, dizem alguns líderes preocupados. Mas será possível ganhar tempo, quem sabe deixando para votar no ano que vem a lei do abuso de autoridade e o pacote que o Senado recebeu da Câmara.

Nesse sentido, a sua votação em regime de urgência, conforme tentou fazer ontem à noite o senador Renan Calheiros, teria jogado gasolina na fogueira e interditado qualquer possibilidade de diálogo. Moro não teria o que fazer ali hoje.

Em boa hora, rejeitou-se a urgência. Segundo esses poucos parlamentares bombeiros, a situação já está suficientemente tensa, à beira de uma crise institucional séria, para que se cometam mais gestos belicosos.

Lembram que o ano legislativo está acabando, e que o ideal seria jogar a água fria do recesso nessa fervura. A turma do Planalto partilha dessa opinião.

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