Derrota do Planalto na Câmara acende luz amarela

Presidente Michel Temer e o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Foto Orlando Brito

A primeira derrota legislativa do governo Temer, que não conseguiu aprovar urgência para o projeto de renegociaçao das dívidas dos estados, acendeu a luz amarela entre aliados do Planalto. Não exatamente pelo estrago provocado pelo eventual atraso na tramitação da proposta, mas sobretudo pela sinalização e pelo precedente que se abriu.

Faltaram apenas quatro votos, e a derrota está sendo atribuída principalmente à insatisfação das bancadas do Nordeste, que acham que ficaram em desvantagem em relação ao Rio e outros estados na negociação das dívidas. Houve também certa barbeiragem dos condutores da votação, o vice presidente da Câmara, Giacobo e o líder governista Artur Maia, que a teriam encerrado com quorum ainda baixo.

Ou seja, para os articuladores do Planalto o episódio seria um acidente de percurso sem maiores prejuízos adiante, e o projeto poderia voltar a andar com celeridade se alguns parafusos forem apertados.

Só que pode não ser bem assim. Destaca-se a falta de votos no PMDB, partido de Michel Temer, e há quem veja o dedo do onipresente Eduardo Cunha na derrota. Seria uma forma de o presidente afastado da Câmara mostrar que ainda pode estragar tudo para o governo se não receber sua ajuda.

De qualquer maneira, a sinalização é ruim para um governo que ainda é interino e apresenta como um de seus principais ativos o apoio parlamentar que sua antecessora não tinha. Neste momento, investidores e agentes econômicos podem estar calibrando suas expectativas quanto à aprovação das reformas para recuperar a economia.

Michel terá que redobrar os esforços para manter a confiança desse pessoal. Traduzindo: terá que ceder mais ainda ao Congresso.

 

 

Deixe seu comentário