Como explicar o jeitinho do TSE a brasileiros e estrangeiros?

Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Herman Benjamin. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Empresários brasileiros têm tido dificuldades para explicar a conjuntura econômica e política do país a investidores estrangeiros. Um deles, chegando de Nova York, contou ter sido bombardeado por perguntas do tipo: quando é que o seu país vai parar se ter novidades que destroem setores e mudam tudo do dia para a noite? Não é fácil mesmo explicar Lava Jato, impeachment, Carne Fraca e julgamento da chapa presidencial de 2014 para nenhum estrangeiro. E nem para nós. Um pouco de estabilidade, rotina, normalidade não é um anseio só de quem quer investir no Brasil. É, obviamente, o desejo da grande maioria que vive e padece por aqui.

Nesse sentido, a solução temporária encontrada pelo TSE no início do julgamento desta terça-feira pode ter saído melhor do que a encomenda para o Planalto e seus aliados, além da defesa da ex-presidente Dilma Rousseff. Mas é ruim para o país.

Em nome da estabilidade – ou seja, para não provocar a queda do segundo presidente da República em um ano – o tribunal isolou o relator Herman Benjamin, concedeu prazos, permitiu a convocação de mais testemunhas e, na prática, adiou seu desfecho para as  calendas. Na previsão de advogados e ministros, o julgamento poderá se arrastar até o segundo semestre deste ano. Ou mais.

Para nós que conhecemos as manhas e as manias desse pessoal de Brasília, um sinal inequívoco de que o TSE não tem a menor intenção de cassar Michel Temer. Mas parece também não ter coragem para decidir e bancar essa decisão agora. Saiu-se com o velho jeitinho, empurrou com a barriga, e Temer vai governando como se não houvesse amanhã.

A questão é que, ao menos em tese, há um gravíssimo julgamento em curso, cujas consequências podem levar a mais um cavalo-de-pau na política e na economia. Uma situação óbvia de instabilidade em qualquer país. Só que não. Todo mundo acha que não vai acontecer nada. Podem investir e tocar a vida. Mas como? Vai ser difícil explicar isso a brasileiros e estrangeiros…

 


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