O uivo fino de Lobão contra a Lava Jato

Senador Edison Lobão

O cinismo é uma arma histórica dos poderosos. Os políticos a aperfeiçoaram. Fizeram dela um instrumento de sedução. Usam e abusam dela como ataque e defesa nas mais variadas circunstâncias.

Esse é um exercício diário dos que tentam driblar os escândalos a rodo da Lava Jato.

Na entrevista do senador Edison Lobão, ao Estadão, Os Divergentes fizeram leituras distintas.

Itamar Garcez escreveu que artistas, intelectuais e assemelhados estão se arvorando, sem nenhuma cerimônia, a cobrar legitimidade de deputados e senadores eleitos pelo povo.

Garcez tem razão. Na democracia, o voto é o maior valor. Nem precisa ter vivido na ditadura para entender que, no Estado de Direito, os poderes da República, por mais questionáveis, são as melhores opções.

Se algum deles falha, a Constituição tem os melhores remédios.

Na tal entrevista do Lobão, o mais relevante não foi sua defesa oblíqua da anistia ao Caixa 2, nem seu conceito peculiar de que só vale delação de quem o faz por livre e espontânea vontade.

O que me impressionou foi um diagnóstico correto com uma conclusão absolutamente equivocada. O que o senador Lobão disse sobre os rumos que a Lava Jato tomou desde que saiu do controle, virou gigante e internacional:

“Temos tido aqui tentativas de corrigir essas distorções e não se consegue, porque a imprensa não aceita, nem a opinião pública. Ou seja, estamos destinados ao calvário, à destruição. Quando digo nós, quero dizer a vida pública”.

Nada mais cínico de que poderosos investigados da Lava Jato dizerem que, se forem punidos em processos judiciais, quem estará sendo punida é “a vida pública” no país.

 

 

 

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