O tombo de Doria o leva de volta ao ninho de Alckmin

Como em outros cotidianos, ditados em profusão descrevem o fracasso dos ansiosos também na política. Quando não comem cru, comem mal. Alguns velocistas se apressam tanto que sequer conseguem chegar à linha de largada.

Se é assim em todos os páreos, imaginem na sucessão presidencial. A corrida ao Palácio do Planalto só é de tiro curto na reta final. Mas só chegam até lá quem antes conseguiu sobreviver a uma dura maratona.

Daí os cuidados de quem está louco para participar dessa corrida, como Henrique Meirelles e Luciano Huck, e a sensação de largada queimada de João Doria.

Doria apostou suas fichas na capacidade de aceleração das redes sociais. Entrou no jogo como um cara capaz, com um jeito diferente de fazer política, de por no bolso até seu padrinho político. A ilusão durou pouco.

Na manhã do domingo (29), Doria posou em uma padaria tomando um cafezinho com Geraldo Alckmin. Nada mais convencional. Em todas as campanhas, Geraldo fez a mesma foto, marca registrada do seu jeito de fazer política, com o propósito de se mostrar como um cidadão com hábitos comuns.

A foto foi interpretada como uma trégua. Parece ter sido mais que isso. Quem olha com atenção pode notar que Doria, depois de ter apostado alto em um voo solo, e não ter conseguido decolar, reflui em busca do colo em que foi politicamente gestado.

Ao assumir a prefeitura de São Paulo, João Doria explodiu como um fenômeno nas redes sociais. Em janeiro, conseguiu de 8 milhões de interações no Facebook. Farejou que o céu era o limite e foi à luta.

Comprou todas as brigas, algumas infantis, e seguiu em frente. O tombo foi grande. Em setembro, as interações no Facebook, em vez de crescerem, despencaram, caíram para 1,7 milhões.

Nas outras redes sociais, o desempenho também foi ruim. Encolheu também nas pesquisas eleitorais.

Os partidos que se apresentavam a Doria como uma alternativa aos tucanos perderam o entusiasmo.

Doria sentiu o baque, voltou ao ninho de Alckmin, e tenta de novo um jogo junto com seu padrinho político.

Só a Lava Jato, em um lance hoje imprevisível, pode mudar o rumo desse vento.

A conferir.

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