O tchau, querida, de Lula

Em primeiro de janeiro de 2011, Dilma, com a faixa presidencial, acompanhou Lula na descida da rampa. Ao lado de ambos, o vice Michel Temer. Agora o ex poderá retribuir o gesto à ex. Foto Orlando Brito

Lula e Dilma vão deixar os rancores mútuos de lado para serem protagonistas de uma última cena juntos. Lula disse a amigos que vai jantar com a presidente no Palácio da Alvorada na quarta-feira, noite em que senadores vão aprovar a abertura do processo de impeachment. Se a sessão não se estender madrugada adentro, vão assistir a votação, lado a lado, no palácio.

Lula ainda avalia se, dia seguinte, depois de a presidente ser formalmente afastada do cargo, a acompanha em uma descida da rampa do Palácio do Planalto, sob aplausos e gritos de guerra de militantes petistas e de uma parte dos movimentos sociais. Figuras de peso no universo petista, como artistas, escritores, líderes sindicais, estão sendo convocados para participar do ato. Se o ibope for bom, planejam inclusive uma passeata entre os palácios do Planalto e do Alvorada.

O problema é que tudo que foi planejado para mostrar resistência, força popular, não tem dado certo. As multidões nas ruas contra  “o golpe” foram um fiasco. O próprio Lula arranjou um pretexto para não comparecer a um esvaziado protesto no Vale do Anhangabaú, no Dia do Trabalho. Outras caras esperadas no palanque não compareceram. A imagem, registrada por fotógrafos e cinegrafistas, foi de Dilma abandonada, cercada apenas de líderes sindicais e inexpressivos dirigentes partidários.

A turma de Dilma quer evitar imagens como a da saída de Collor do Planalto, em um caminho repleto de espinhos, hostilizado pelos servidores do palácio. A dúvida entre assessores de Dilma é como evitar que manifestantes favoráveis ao impeachment atropelem o roteiro. O receio se baseia em uma evidência. Todas as vezes que forças foram medidas nas ruas de Brasília, as mobilizações contra Dilma foram bem maiores.

 

 

 

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