O que Lula chama negociata une PT e Jucá no apoio a Fundo Eleitoral

Quem assistiu a sessão do Senado na noite da quarta-feira (20) no mínimo ficou com uma pulga atrás da orelha. Estava em debate mais uma artimanha de Romero Jucá para ressuscitar o tal fundo público para bancar a campanha eleitoral.

Jucá ciscou daqui e dali, tirou o dinheiro público com uma mão e repôs com a outra. A grana subtraída da Educação, Saúde, Segurança… apenas mudaria de rubrica. Se o desfalque é no Orçamento, ou nas emendas de bancadas parlamentares impositivas com os mesmos fins, o resultado é igual. Pura magia.

O Senado inteiro entendeu a manobra. No encaminhamento da votação, cinco de cada lado, quem se alinhou a Jucá: os petistas Gleisi Hoffmann, Lindberg Farias e Humberto Costa e Vanessa Grazziotin, do PC do B.

Tiveram que rebolar. Vejam quanto gingado:

Humberto Costa: “Ninguém faz omelete sem quebrar ovos. Quem é contra está sendo demagogo, faz o discurso fácil do Dallagnol ( Deltan, coordenador da Lava Jato em Curitiba) aqui no Senado”.

Vanessa Grazziotin: “Quem tira direitos, corta recursos, é o governo Temer. Temos que fazer uma Lei Rouanet para financiar a democracia, dando incentivos fiscais paras as empresas”.

Gleise Hoffmann: “O PT só elegeu Lula quando foi lá e pediu dinheiro. Aí começou nossa desgraça. Isso é muito mais caro que o financiamento público”.

Não colou.

Uma reação puxada por Ronaldo Caiado, com o apoio, entre outros, de Renan Calheiros e Cristovam Buarque, detonou a mágica de Jucá, endossada pelo PT.

Novo embate está previsto para a próxima terça-feira (26). O senador Eunício Oliveira ainda tenta um acordo. Afinal, todos querem grana para a campanha eleitoral. Como a Lava Jato escancarou, antes eles tiravam do nosso bolso em parceria com empresários que, em troca de ganhos exorbitantes, bancaram as milionárias campanhas e ainda enriqueceram boa parte dos políticos.

Senadores Vanessa e Humberto

Mas nessa sexta-feira (22), Lula resolveu meter a colher nesse angu.

Ao participar de uma campanha petista em busca de novos filiados, ele fez uma surpreendente declaração na contramão dos parlamentares do partido. Pediu colaboração financeira dos petistas e justificou: “Ajudar o PT a não precisar de dinheiro empresarial e ficar fazendo negociata atrás de um fundo que a sociedade compreenda que possa ser imoral para o partido”.

Disse mais: “O PT tem que se autofinanciar. Quem tem de financiar nossas armas somos nós mesmos”.

Seria um veto de Lula à aliança entre as principais lideranças do PT e Romero Jucá para ressuscitar o tal Fundo Eleitoral?

Não é bem assim.

Depois de tanta ênfase, Lula abriu a brecha para a parceria com Jucá no Congresso:

“Sou defensor do fundo partidário. Acho que é a forma mais democrática de fazer política neste País. A sociedade tem que saber quanto vai custar, quanto cada partido tem direito e vai fiscalizar”.

Quem usou, abusou e se melou na promiscuidade com empresários — PT, PMDB, PSDB e muitos outros –, antes de tentar nova garfada no contribuinte, precisa acertar e pagar as contas desse passado recente.

É o que a sociedade cobra e a Lava Jato apura.

 

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