O jogo duro de Sarney, Lula e Dirceu contra a Justiça na Lava Jato

Ex-presidente José Sarney - Foto Orlando Brito

José Sarney é o oráculo de políticos de todos os naipes enrolados com as investigações sobre corrupção. Ninguém sabe interpretar tão bem quanto ele em que direção o vento sopra nos mais variados tribunais.

É essa capacidade de Sarney que dá o mínimo de segurança a caciques como Renan Calheiros, Jader Barbalho, Eduardo Braga e Eunício Oliveira para apostarem suas fichas em Lula.

Sarney tem dito a interlocutores variados que não acredita que a Justiça barre a candidatura Lula ao Palácio do Planalto.

Previsão aceitável se baseada apenas em seu cultuado dom de antecipar decisões da Justiça.

A diferença agora é que, mais do que avaliar os humores judiciais, Sarney tem apostado em uma assombração. Seu diagnóstico é que, se os tribunais tirarem Lula da corrida ao Planalto, o MST e assemelhados vão pôr fogo no país.

Nuances à parte, o que Sarney diz no mundinho das elites políticas é o mesmo que Lula troveja, todos os dias, em sua desesperada tentativa de driblar as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, e escapar dos julgamentos em todas e quaisquer esferas judiciais.

Na mesma toada de Sarney e de Lula, e sem nenhuma esperança de escapar de punição pelas regras legais, José Dirceu voltou a ser ponta de lança desse jogo em que eles vencem ou o país paga o preço.

O que essa turma, de um jeito ou do outro, e com todas as letras, tem dito é que, em todos os processos contra Lula, a Justiça só vale se for a favor dele.

O direito de Lula de sempre recorrer a qualquer sentença desfavorável não parece ser a arma do jogo.

O que Sarney sussurra — em sensíveis ouvidos de inquilinos de todos os poderes em Brasília –, Lula berra nos palanques: “Fico muito puto quando a classe política não reage… Quem de nós achar que vai sobreviver quieto, pode ficar quieto, que não vai sobreviver”.

Perdido por um, perdido por mil, José Dirceu parte para a ameaça explícita: “A hora é de ação, não de palavras”.  Traduz isso como o uso de “fúria, revolta, indignação e mesmo o ódio, para desmascarar e combater a fraude jurídica e o golpe político”.

A radicalização política no Brasil, em especial nas redes sociais, é um fato. Ela vem sendo alimentada, de acordo com as circunstâncias, como estratégia de defesa ou de ataque das elites políticas e automaticamente replicada por seus seguidores.

Os protagonistas desse vale tudo brigam mais na aparência do que na realidade. Sabem que, perto da borda ou no meio do pântano, precisam escapar da mesma areia movediça.

É no meio desse desespero geral que Lula tenta se salvar e, também, se apresenta como tábua de salvação de parceiros e até de adversários. Aécio Neves, por exemplo, ergue as mãos aos céus. Decisões erráticas de ministros do STF, e até vacilos do próprio plenário do tribunal, dão corda a esse jogo.

Se der certo, será o fim da sangria da Lava Jato, como previu Romero Jucá, com a bússola calibrada em sua singular experiência como líder dos governos Fernando Henrique, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer.

A conferir.

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