O dilema dos políticos na busca de saídas para o cerco da Lava Jato

O deputado Lúcio Vieira Lima, do PMDB da Bahia, presidente da Comissão da Reforma Política. Foto Orlando Brito

Lúcio Vieira Lima é uma figura na multidão sem cara no plenário da Câmara dos Deputados. Desbocado, escrachado, geralmente bem humorado, de um jeito ou outro ali ele se destaca.

Lúcio é um dos 83 alvos com foro privilegiado na nova lista de Rodrigo Janot encaminhada ao Supremo Tribunal Federal. Seu irmão mais famoso, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, foi deslocado para a primeira instância, provavelmente para a temida jurisdição do juiz Sérgio Moro.

Lúcio é um dos líderes de uma das correntes da dividida bancada do PMDB na Câmara. Com esse cacife, tentou sem sucesso alguns voos maiores. Conseguiu, no entanto, ser o presidente da Comissão da Reforma Política.

É ali que os políticos planejam saídas para escapar do cerco da Lava Jato.

Buscam uma alternativa para o financiamento das campanhas eleitorais que os mantenha longe da cadeia, a votação em lista fechada que não os exponha à ira dos eleitores, e, se der, algum tipo de anistia que os livrem dos caixas clandestinos do passado.

Nas crises políticas, a reforma política costuma ser diagnosticada como solução. Em nenhuma delas, sequer foi um placebo. Discute-se tudo e aprova-se quase nada.

Qual a chance de alguma eficácia agora?

Em uma conversa bem informal no Cafezinho dos Deputados, Lúcio Vieira Lima mostrou algum otimismo. Questionado, saiu-se com essa:

— Talvez seja a única maneira dessa casa deixar de ser o pau-de-merda da Lava Jato.

Pau-de-merda é uma expressão popular. Seu significado nem sempre é o que parece.

Na botânica é uma planta da família das Urticáceas, originária da Índia, cujo nome científico é Bosia Trinervia.

Nos dicionários, há definições de pau-de-merda como indivíduo pouco importante, dispensável ou sem expressão.

É assim que o povo vê e os políticos se sentem diante das revelações bombásticas da Lava Jato.

Claro que eles estão incomodados. Dizem que querem reverter essa situação. A questão é se estão dispostos a mudar o jogo viciado em que se habituaram a vencer.

Pela guerra que continuam a travar por cargos rentáveis no governo federal, como a Secretaria dos Portos, parecem que não estão nem aí.

Esse é o xis da questão. Sem punição, nada muda.

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