Haddad gruda em Lula e tenta driblar carimbo de ser nova versão de Dilma

Foto Ricardo Stuckert/PT

Em janeiro de 2012, Fernando Haddad, meio a contragosto, trocou o cargo de ministro da da Educação do governo Dilma Rousseff pela aventura de concorrer à Prefeitura de São Paulo. Mesmo tendo sido abençoado por Lula como novo poste eleitoral, em seu discurso de despedida, Haddad confessou sua “relutância” com a mudança.

Com certeza, ao longo dos anos ele mudou de opinião depois de ter sido eleito prefeito de São Paulo e assistir a uma distância regulamentar à debacle da desastrada gestão Dilma.

Lula Presidente, Haddaad vice/ Divulgação PT

Barrado como ficha suja na corrida presidencial, Lula volta a apostar suas fichas em Haddad como seu sucessor na disputa pelo Palácio do Planalto. Não é uma transmissão pacífica. Por razões diferentes, Ciro Gomes e Marina também se candidatam a herdar pelo menos parte desse espólio eleitoral.

Fernando Haddad finalmente formalizado como candidato de Lula e do PT vai encarar esses novos desafios depois de um intenso fogo amigo petista, em que boa parte da burocracia partidária preferia  o ex-governador Jaques Wagner ou a senadora Gleisi Hoffmann.

Como uma vacina, Haddad tem feito críticas aos dois últimos anos do governo Dilma e apostado na narrativa de que ela não conseguiu corrigir os próprios erros no segundo mandato por ter sido alvo de sabotagem do MDB de Eduardo Cunha e Michel Temer.

Em entrevista aos veículos do grupo Globo, na quarta-feira (12), Ciro Gomes fez o primeiro disparo. Dizendo que tinha carinho e afeição pelo petista, seu candidato a vice-presidente dos sonhos, cravou: “O Brasil não aguenta outra Dilma, uma pessoa eleita por procuração”.

Dilma e Santana. Foto Orlando Brito

Marina Silva,  em entrevista à Rádio Super, em Minas, onde Dilma concorre ao Senado, foi na mesma toada. Ela nunca engoliu o jogo sujo do marqueteiro João Santana em benefício da candidatura Dilma.

Marina alertou que a escolha de Haddad foi semelhante a de Dilma e que votar em um outro nome indicado por Lula pode levar o Brasil a um poço sem fundo. “As coisas ruins foram aprofundadas no governo Dilma-Temer. As coisas boas foram sendo desaceleradas, e a população brasileira não pode deixar de pedir uma prestação de contas do que levou o Brasil para o fundo do poço”.

O tucano Geraldo Alckmin também tirou sua casquinha. “Esse tempo todo o  PT ficou escondendo Haddad e, agora, ele vai ter de se apresentar como candidato e explicar os 13 milhões de desempregados, uma herança petista”.

Alckmin e Aécio. Foto Orlando Brito

A campanha de Haddad, com pouco tempo para se mostrar país afora como o escolhido de Lula, não quer perder tempo se defendendo do ônus da desastrada gestão de Dilma.

Em uma de suas primeiras atividades como presidenciável, Haddad procurou driblar os ataques. “Faz 18 anos que sou vidraça. Todo mundo sabe que sempre fiz propostas para governar. Em nosso programa de governo, um projeto coletivo, Lula é o principal inspirador, mas ele debateu comigo cada um dos pontos”.

Mesmo que ele não queira, seus adversários vão insistir em trazer Dilma para o debate eleitoral. É mais ou menos a mesma moeda que os adversários de Alckmin usam explorando o desgaste de Aécio Neves, flagrado em gravação que pede propina ao empresário Joesley Batista.

Pelo andar da carruagem, essa eleição presidencial de 2018, que até agora pouco apontou para o futuro, também vai ter um acerto de contas da mal resolvida disputa eleitoral em 2014. Faltava o PT no páreo para que isso ocorresse. Não falta mais.

A conferir.

 

Deixe seu comentário