É só discurso ou grupos de extrema-direita agem para derrubar Temer?

Manifestação de extrema-direita em frente ao Congresso.

Por que, em vez de murchar, nessa segunda-feira a greve dos caminhoneiros manteve-se igual apesar do acordo em que o governo cedeu tudo o que podia e até o que não devia?
Diante da frustração de suas expectativas, os ministros palacianos atribuíram à influência de “infiltrados” políticos a resistência à desmobilização dos caminhoneiros.

José da Fonseca Lopes, líder dos caminhoneiros. Foto Valter Campanato/Agência Brasil

No final da tarde, José Fonseca Lopes, presidente da Associação Brasileira de Caminhoneiros, denunciou que “grupos intervencionistas” estavam impedindo o fim da greve, como na Vila Carioca (onde há bases da Petrobras, Shell e Ipiranga), em São Paulo. Poderia ser apenas uma desculpa de quem não conseguiu cumprir sua parte no acordo com o governo. Horas depois, autoridades federais envolvidas com a crise dos caminhoneiros afirmaram que agentes de inteligência conseguiram comprovar a tal “infiltração” no movimento grevista. E mais: fontes do governo disseram que, nessa terça-feira, começa uma forte reação das forças de segurança. Se não for outro tiro n`água, pode haver revelações graves e relevantes.

Ministros Marum, Padilha e Etchegoyen. Foto Antonio Cruz/Agência Brasil

Por exemplo, se confirmar uma acusação compartilhada em troca de mensagens entre gestores da crise. Trata-se do relato de um executivo de uma grande empresa de commodities, divulgado pelo jornalista Marcos Augusto Gonçalves, em seu blog na Folha de S. Paulo. Segundo o executivo, milícias armadas que nada têm a ver com caminhoneiros ou transportadoras estão atuando pelo menos em Minas Gerais, Goiás e Paraná. Elas estariam intimidando caminhoneiros a manterem a greve em nome da tal intervenção militar.

Afinal, grupos de extrema direita estão tentando derrubar o frágil governo Michel Temer?
Isso, se comprovado, é muito grave.

O que se sabia até aqui era bem menos que isso.

Com faixas, pichações, adesivos e participação ostensiva em atos públicos, os defensores de uma intervenção militar – bandeira dos saudosistas da ditadura – faziam questão de se identificar com o movimento dos caminhoneiros. Jair Bolsonaro, um dos mitos dessa turma, foi na mesma onda na perspectiva de ampliar suas intenções de voto.

Candidato ao Planalto Jair Bolsonaro

Até aí parecia ser oportunismo político e demagogia eleitoral. Se de fato há grupos articulados para tentar pôr em prática a maluquice golpista que vêm pregando país afora, alimentada pelo discurso de Bolsonaro, eles têm de ser identificados e punidos.

Não há saída fora da democracia.

Depois das gestões desastrosas de Dilma Rousseff e de Michel Temer, como estabelece a Constituição, em outubro os brasileiros vão eleger presidente da República, governadores, deputados e senadores.

O resultado das eleições pode definir os rumos para o país sair de seus vários atoleiros.

A conferir.

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