Dada a largada em São Paulo para a sucessão de Michel Temer

Alckmin e Lula na eleição de 2006 - Foto Orlando Brito

Bons políticos são craques em improvisos, mas também em plantar para colher no futuro. Essas habilidades são testadas o tempo todo. À balbúrdia que se transformou a política no Brasil, os eleitores devem dar algum tipo de resposta nas urnas em outubro. Será uma eleição atípica, com a proibição de financiamento empresarial e com os principais partidos em frangalhos, atingidos pelas maiores investigações sobre corrupção da nossa história.

Eleições municipais têm o apelo local, afinal o propósito é que os eleitores escolham administradores para suas cidades. Mas, há disputas com mais significados políticos. Esse sempre foi o caso da Prefeitura de São Paulo, a mais importante do país pelos mais variados critérios. Ainda mais agora, em que todas as raposas da política tateiam no escuro.

O PT sabe que vai levar uma surra nas eleições país afora. Mas, contra todas as expectativas, torce por um desempenho razoável com a candidatura à reeleição do prefeito Fernando Haddad em São Paulo. Se conseguir chegar ao segundo turno, dará fôlego ao ex-presidente Lula, e uma pontinha de esperança para o pleito que vai definir seu destino, as eleições gerais de 2018. Para todos os concorrentes, não passa de ilusão.

Arrisco dizer que a gente olha o PT pelo retrovisor. Por cuidado, avalia mais pelo que foi do que pelo que é. As forças políticas, em geral, também pensam assim. Outro dia ouvi com espanto uma comparação: o Lula, como Paulo Maluf, sempre vai ter muitos votos, mas o teto ficou muito baixo para voos maiores. Pensando bem, faz sentido.

Com o PT escanteado, os tucanos se acham dono do baralho.  Parecem disputar uma corrida própria para o Palácio do Planalto. O senador Álvaro Dias, sem cacife na estrutura partidária, pulou para o Partido Verde, na expectativa de disputar a eleição presidencial de 2018.

Por mais incrível que pareça, depois de uma das mais acirradas disputas presidenciais de nossa história, a debacle de Dilma Rousseff não tornou o senador Aécio Neves maior. Pelo contrário, a sensação entre os próprios tucanos é que ele encolheu. Isso animou o governador Geraldo Alckmin a fazer, a partir de São Paulo, um voo solo.

A chapa João Dória e Bruno Covas é a melhor expressão ideológica. É a aposta na teoria do pêndulo. Decepcionado com a chamada esquerda, o eleitor pode querer experimentar uma direita, sem radicalismo e com alguma preocupação social. Se não for pelas asas tucanas, pode ser pelo PSB, que tem como um de seus maiores caciques o vice-governador de São Paulo, Márcio Freitas. Alckmin, portanto, faz uma aposta dupla.

Pelos reforços conquistados, há um novo time de peso nesse jogo. Há um ano escrevi sobre os bastidores de uma parceria entre Michel Temer e José Serra. O que disse ali é que Serra iria ajudar Temer em um governo de transição, a ser formado depois da queda de Dilma Rousseff. Por sua vez, Temer recompensaria Serra dando uma mãozinha para sua candidatura presidencial em 2018.

A chapa montada em São Paulo com Marta Suplicy e Andrea Matarazzo é o grande teste dessa parceria. Ela reúne um trio paulista, hoje com grande cacife nacional, o presidente Temer e os ministros José Serra e Gilberto Kassab, candidatos a serem um novo polo de poder fora da histórica polarização entre PT e PSDB. A conferir.

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