Como Renan recupera em Brasília as derrotas em Alagoas

Senador Renan Calheiros

O senador Renan Calheiros estava todo prosa. Dizia que o PMDB emplacou nada menos que dez mulheres entre seus 38 prefeitos eleitos em Alagoas. “Melhor resultado do país”. Ele chamava a atenção para o ângulo que lhe era mais favorável na eleição em Alagoas.

Ao mesmo tempo, mostrava-se discreto por ter vencido a queda de braço dentro do governo e emplacado o complicado aliado Marx Beltrão no Ministério do Turismo.

Por mais que pareçam coisas diferentes, na ótica de Renan são partes da mesma equação. A expectativa pré-eleitoral era de que o peso da máquina comandada pelo governador Renan Filho, em uma gestão bem avaliada pelos institutos de pesquisa, seria um bom trunfo de largada.

Com a força política – e a capacidade de atração de verbas de Renan pai nas gestões de Dilma e Temer – o caminho de uma expressiva vitória eleitoral parecia traçado. A intenção era, desde já, pavimentar a reeleição, em 2018, do filho governador e do pai senador.

Com todo esse cacife, Renan Calheiros não deixou ponta solta. Ele cooptou Cícero Almeida, um populista campeão de voto em Maceió, para ser o candidato do PMDB na capital alagoana. Parecia uma barbada. Não foi.

O prefeito tucano Rui Palmeira quase venceu no primeiro turno e Cícero Almeida para chegar no segundo teve de superar uma renhida disputa com JHC (PSB), filho do ex-deputado João Caldas, ferrenho adversário dos Calheiros.

Rui Palmeira entra como franco favorito no segundo turno. Maceió tem mais de um milhão de habitantes. A segunda grande cidade alagoana, Arapiraca, com mais de 200 mil habitantes, era um reduto seguro de Renan Calheiros, confirmado por sucessivas vitórias. Pois bem. Ele perdeu lá, por margem pequena, também para os tucanos.

Em Rio Lagos, maior cidade da região metropolitana de Maceió, quem derrotou Renan foi o candidato do senador Benedito Lira (PP), outro empenhado adversário. Ali, foi passeio.

Com eleitorado similar, Palmeira dos Índios, eternizada pela exemplar e histórica prestação de contas do prefeito Graciliano Ramos sobre sua gestão em 1929, a turma de Renan também perdeu. Ganhou lá o PSB.

Só em duas cidades consideradas grandes pelos padrões alagoanos a turma de Renan saiu vitoriosa. Uma delas, Coruripe. Três dias depois das eleições virou ministro do Turismo o deputado Marx Beltrão, ex-prefeito de Coruripe, cuja família mostrou força nas urnas. Renan pode até perder em Alagoas, mas em Brasília continua vencendo. Pelo menos até fevereiro, quando deixa a presidência do Senado.

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