Santíssima Trindade sindical ligada a Lula entra na mira da Lava Jato

Lula, então presidente, discursa anunciando o projeto Pré-Sal. Brasília, 31 de agosto de 2009. Foto Orlando Brito

Os investigadores da Lava Jato estão fechando o cerco a uma vertente do escândalo da Petrobras que aproxima ainda mais as apurações do ex-presidente Lula.  Os alvos são os sindicalistas Diego Hernandes, Armando Tripodi — o Bacalhau- e Wilson Santarosa, indicados para cargos estratégicos na empresa logo depois que Lula assumiu o poder, em 2003. Na Petrobras eles  foram apelidados de Santíssima Trindade.

Antes mesmo da montagem do que virou o petrolão, o trio sindicalista era o melhor caminho para vários negócios com a Petrobras. A partir de 2003, quem buscava facilidades na Petrobras tinha que se entender com Diego Hernandes, então chefe de gabinete da Presidência da Petrobras, e o lobista Fernando Moura, tido e havido como o representante do então todo poderoso José Dirceu.

Santarosa dava as cartas na publicidade e em patrocínios, um grande negócio para petistas e aliados país afora, Armando Bacalhau cuidou de contratos bilionários de empresas fornecedoras de serviços e de mão de obra terceirizada para a Petrobras. Mas Diego ostentava algo mais. Entre os empresários que tinham negócios privilegiados na Petrobras bem antes de o PT chegar ao poder, Diego era apontado como um homem de confiança do Lula.

No jogo pesado que sempre prevaleceu nos bastidores dos negócios da Petrobras, ouvi aqui em Brasília, em São Paulo e no Rio de Janeiro que havia uma gravação em que Diego Hernandes falava abertamente de propina, de suas ligações com Lula e de, por causa disso, sua ascendência sobre seu chefe, José Eduardo Dutra, então presidente da Petrobras.

Apesar de promessas, não tive acesso a tal gravação. Esses empresários e executivos, proprietários de estaleiros e de empresas com grandes contratos com a Petrobras, especialmente nos governos Fernando Henrique, não entregaram a isca com que me atraíram. Mas, na sequência,  foram contemplados com excelentes negócios com a Transpetro, sob a batuta de Sérgio Machado. Uma mão lava a outra. As duas enganam o repórter. Só não entendem que pautas não fechadas continuam abertas.

Quando os sindicalistas viraram vitrine na Petrobras, Diego passou a ter um papel importante na Petros, o Fundo de Pensão dos funcionários da Petrobras, o que, segundo os investigadores, resultou em prejuízos bilionários, outra frente de apuração da Polícia Federal.

Com a descoberta pela Operação Lava Jato da alta profissionalização do esquema de corrupção na Petrobras, os mega negócios operados pelos diretores Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Nestor Cerveró e Jorge Zelada, a Santíssima Trindade ficou em segundo plano. Até agora.

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