Huck, o Trump do Brasil

O apresentador Luciano Huck, Foto GShow

Os desesperados devem tomar enorme cuidado com o entusiasmo envolvendo o nome do apresentador de TV Luciano Huck para a disputa da Presidência em 2018. Apesar do carisma e da popularidade, ele não tem experiência para o cargo e traz uma bagagem complicada. Há políticos no Brasil bem mais preparados. Se fosse o caso, haveria uma lista para citação.

Sem dúvida, existem fatores a favor de Huck. Primeiro, está a capacidade de se comunicar como se fosse nosso amigo de infância. É das pessoas com maior empatia no Brasil e mesmo no mundo. Em segundo lugar, tornou-se um milionário e uma grande estrela da TV do Brasil. Por último, Huck é popular entre políticos que defendem a economia liberal, tem certa preocupação social, e é muito admirado na maior empresa de comunicação do país. Sua base eleitoral não é calculável e tem espaço ilimitado para crescer num país em que o eleitorado ainda não tem uma parcela relevante de militantes na causa negra. E que a postura da mulher na sociedade ainda é difusa.

O problema, no entanto, é que Huck está longe da perfeição. Primeiro, os jornais ainda não compilaram tópicos que poderão ser usados contra Huck numa campanha. Em segundo lugar, os seus adversários vão passar a eleição dizendo que Luciano Huck não tem experiência para ser presidente do Brasil. Como argumentar, agora, que o defeito de Trump seria uma qualidade de Huck?

Alguns argumentam que Huck não é uma exceção entre celebridades que entraram para a política e citam o nome de Ronald Reagan. A comparação, no entanto, não é totalmente correta. Reagan, quando virou presidente, havia sido governador da Califórnia, maior estado dos EUA, por dois mandatos e tinha disputado primárias presidenciais. Ele não tentou ser presidente diretamente, como fez Trump e faria Huck caso ele decida ser candidato.

Claro, nada impede que Huck se candidate, já tem um partido à disposição (PPS) e seja um excelente presidente. Seria, no entanto, mais seguro e correto para as forças econômicas e políticas buscar um nome de alguém dentro dos partidos — uma pessoa com experiência política, como governador ou senador. Ser administrador público ou legislador não torna a pessoa pior do que alguém que nunca entrou na política. Nada contra um empresário ou celebridade tentar se candidatar, mas o melhor caminho é o de Reagan, não o de Trump. E há ótimos quadros dentro da política brasileira para quem simpatiza com a economia liberal.

Não falo de nomes conhecidos como o do Geraldo Alckmin (SP) e do presidente da República, Michel Temer. Falo de nomes como os dos senadores Antonio Anastasia (MG) e Aloysio Nunes Ferreira (SP), do governador Marconi Perillo (GO), do prefeito de Salvador (BA), ACM Neto, e do presidente da Fiesp, Paulo Skaf. E há mais para serem citados. Vale a pena pesquisar sobre estes e outros nomes. Os republicanos venceram em 2016 com Trump. Parece que agora os democratas podem fazer o mesmo com a apresentadora Oprah. Mas o ideal seria algum político, assim como para os americanos teria sido melhor um ex-governador ou um governador em vez de Trump. Agora é a vez do Brasil definir se quer o seu Trump.

* Este texto é inspirado no artigo “Oprah, a Trump dos democratas?”, de Guga Chakra. Se substituirmos o nome de Oprah, sobre quem trata o artigo original, pelo de Huck, pouca diferença faz

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