Lição paraguaia

imaaEm Ipanema, as pessoas aplaudem o pôr-do-sol. Em Noronha, os golfinhos. Na Praia da Daniela, em Santa Catarina, o desfile dos pinguins. Em Abrolhos, as baleias. Na Praia das Fontes, no Ceará, os turistas batem palmas para as jangadas.

O Brasil tem oito mil quilômetros de costa marítima. Aliás, belo litoral com praias de fazer inveja a qualquer país.

Durante uma reportagem no Ceará, fiquei hospedado em um daqueles hotéis bacanas na beira do Atlântico, em Beberibe. Impressionou-me a euforia de um casal de paraguaios que pela primeira vez vinha ao Brasil. Mais que isso, também pela primeira vez via de perto o mar.

Ela e ele jamais tinham visto uma jangada. A esposa, maravilhada com a beleza da cena, aplaudia as manobras dos pescadores. Adoram sua terra, mas lamentam que não tenha oceanos. Conversei com ambos por alguns instantes.

Ele, funcionário público. Ela, dona de uma pequena loja de roupas para crianças em Assunção, 1500 quilômetros distante do Atlântico. Quando me despedi, o marido disse-me:

– O Brasil tem coisas realmente magníficas. A começar pelo povo acolhedor. Cidades maravilhosas, lugares incomuns, indústrias de alta tecnologia, metrópoles modernas, economia gigantesca, esportes de ponta. Vocês nem percebem que são sucesso. Uma coisa, porém, eu não compreendo: como os brasileiros falam tão mal de seu próprio país.

Orlando Brito

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