Além do Poder: Darcy e Ribeiro e Mário Juruna, criador e criatura

Convenção Nacional do PDT – Partido Democrático Trabalhista –, em 1981, no Plenário 2 das Comissões da Câmara, em Brasília, a conversa de Darcy Ribeiro com o cacique Mário Juruna.

Como foi – Uma das primeiras lições que aprendi assim que cheguei ao jornalismo foi não deixar de fotografar cenas que por alguma razão cause surpresa. Outra lição é que o imprevisível sempre acontece. E esse momento aí me chamou a atenção. Achei muita coincidência o cacique Juruna estar presente numa convenção partidária, ainda mais ao lado do ex-ministro Darcy Ribeiro, embora este fosse antropólogo e tivesse sido um dos idealizadores do Parque Indígena Xingu.

Sempre digo que fotografias contêm muito mais de futuro que propriamente de passado ou mesmo de presente. Muitas delas possuem peculiar caráter premonitório. Basta cada um de nós olhá-las com atenção devida.

Eu já havia fotografado o antropólogo Darcy em seu exílio no Exterior. E depois da Anistia aqui no Brasil. Já o capitão xavante Mário Juruna, o havia retratado várias vezes em Namunkurá, sua aldeia no Norte de Mato Grosso, e em outras ocasiões, quando perambulou pelos gabinetes oficiais da Capital munido de um gravador para registrar a voz das autoridades que prometiam condições melhores de vida para os índios.

Pois é, aquele encontro que parecia ser tão fortuito e por isso jogado na cesta dos simples instantes acabou preconizando o futuro. O antropólogo mineiro elegeu-se senador, depois de ser vice-governador de Leonel Brizola, no Rio. Quanto ao capitão dos xavantes, aceitou a sugestão de Darcy. Candidatou-se a deputado e ficou na Câmara Federal por quatro anos. Portanto, essa foto é uma demonstração de que nada acontece por simples acaso.

Juruna faleceu aos 73 anos, em 2002. Darcy, aos 75, em 1997. Ambos em Brasília.

 

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