Manuela amplia alcance da mensagem e mantém liderança no Twitter

Por Maria Luiza Abbott e Marcelo Stoppa

Com uma mensagem diversificada, a pré-candidata do PC do B, Manuela D´Ávila conseguiu, na semana de 1 a 8 de junho, engajar usuários do Twitter que acompanham as eleições e outros que não seguem o debate. Obteve alto nível de engajamento e ficou novamente em primeiro lugar no ranking de relevância e visibilidade dos pré-candidatos a presidente no Twitter. Aumentou a diferença dela em relação ao deputado Jair Bolsonaro (PSL), que manteve o 2º lugar no ranking, como indica a análise semanal da AJA Solutions.

Com pouco mais de 205 mil seguidores, ⅙ dos de Bolsonaro ou 1/9 dos de Marina Silva, Manuela conseguiu aumentar sua fatia no total de relevância dos pré-candidatos em 13,1 pontos percentuais nesta semana. Sua estratégia inclui comentários sobre temas diversos em destaque na mídia tradicional ou nas mídias sociais, buscando explicar as conexões a suas propostas. Com a variedade de tópicos, atinge nichos diferentes, gerando diálogo em órbitas de seguidores de outros pré-candidatos e atrai usuários que não acompanham a eleição, como mostra o mapa interativo da pesquisa, disponível para os assinantes da newsletter.

Nas áreas em que há mais afinidade de posicionamento, como com apoiadores do ex-presidente Lula ou do pré-candidato do PSOL, Guilherme Boulos, recebe comentários positivos. No outro extremo, atrai comentários negativos duros dos seguidores de Bolsonaro, especialmente se ela tuíta sobre temas mais progressistas nos costumes – como seu apoio à comunidade LGBT ou à educação sexual nas escolas – ou uma pauta considerada mais à esquerda na economia. Apela ao humor para sair das armadilhas e criticar os que lhe atacam, uma receita que lhe garante relevância entre simpatizantes e críticos. Tuíta sobre temas de interesse geral, como a educação, por exemplo, e consegue gerar diálogo fora da bolha das eleições.

Já o deputado do PSL ajustou a estratégia de comunicação depois de duas semanas de queda de sua fatia no total de relevância dos candidatos. Na busca da relevância perdida, Bolsonaro voltou a incluir em seus tuítes tópicos que chamam a atenção dos seus seguidores, como violência, críticas aos progressistas nos costumes e ataques à esquerda. Buscou, porém, manter a diversificação iniciada na semana passada para chegar a usuários de fora de sua órbita. As mudanças estancaram a queda, mas só a próxima semana confirmará se a tendência foi revertida.

Na semana em que foram completados dois meses de sua prisão, em 7 de abril, o ex-presidente Lula aumentou em quase seis pontos percentuais sua participação no total de relevância dos pré-candidatos no Twitter. Consegue se manter em 3º lugar pela terceira semana consecutiva e a estratégia de comunicação de Lula está desafiando a gravidade.

Em 4º lugar há duas semanas, Guilherme Boulos, pré-candidato do PSOL e coordenador do MTST, está conseguindo manter níveis de visibilidade e relevância proporcionalmente altos no Twitter. Foi o pré-candidato que mais ganhou seguidores em maio, mas sua eficiência comunicacional ficou estável esta semana.

Todos os pré-candidatos abaixo de Boulos tiveram fatia de relevância inferior ao patamar mínimo que garante a possibilidade de sensibilizar usuários do Twitter. São aqueles que não conseguem gerar diálogo em volume suficiente para que sua mensagem seja ouvida e possa funcionar como instrumento de persuasão na busca de votos. Estão nesse grupo, todos os pré-candidatos de centro, inclusive o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ou os ex-ministros Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT).

Sobre a análise semanal da AJA Solutions

Mais do que simplesmente medir o número de seguidores dos pré-candidatos, a análise da visibilidade e relevância é feita com métodos para mensurar a parcela de usuários reativos às postagens publicadas por um candidato e se o ritmo de crescimento está adequado para ampliar seu público. De que adianta ter um auditório lotado se apenas uma parcela pequena dos espectadores presta atenção ao que está sendo exposto?

A análise aponta com muita exatidão quem o candidato sensibiliza, a capacidade comunicacional de sua rede e mesmo se as estratégias de comunicação digital dão a visibilidade suficiente para que suas propostas cheguem à audiência potencial.

Mais usual, as análises tradicionais de comunicação são baseadas em tempo de TV, a duração do programa eleitoral. Nesta campanha, o tempo que os candidatos têm para se comunicar com os eleitores não está apenas na TV e nem a atenção do público-eleitor está concentrada em um meio. A campanha oficial na TV começa em 31 de agosto, mas ela já está em andamento nas mídias sociais e aplicativos de mensagens instantâneas – e a atenção do público-eleitor continuará espalhada pelos meios. A análise do Twitter da AJA oferece uma visão dessa paisagem, que, dada à natureza imediata do Twitter e à reação rápida dos internautas, pode antecipar as movimentações em outros meios de comunicação.

O mapa de relevância e visibilidade dos pré-candidatos desta semana revela os erros, acertos e os caminhos que podem ser feitos para ganhar relevância no Twitter. A versão interativa do mapa está disponível para assinantes. Para o relatório completo, por favor clique aqui.

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