Selene Peres: juros e déficit primário disparam a dívida pública em 2017

Presidente Michel Temer.

Apesar dos limites de teto de gastos do Orçamento Geral da União de 2017 liberados hoje por decreto do presidente Michel Temer,  não há garantia para o cumprimento das metas de déficit fiscal.

A frustração da arrecadação de impostos em função do desempenho fraco da economia, a pressão por gastos obrigatórios e a concessão de benefícios fiscais já é uma ameaça para a meta de déficit fiscal de R$ 139 bilhões para este ano.

“O teto foi muito importante, mas o mais difícil vem agora com a necessidade de enfrentamento às despesas obrigatórias e subsídios para reverter esta trajetória de déficit fiscal”, disse a economista Selene Peres Nunes, funcionária licenciada do Tesouro Nacional.

É a mesma visão do mercado financeiro, que tem feito projeções de déficit primário de R$ 151 bilhões em função da frustração de receitas e aumentos de gastos no orçamento.

A maior preocupação de Selene Peres, no entanto, é com as despesas pagas pelo Tesouro com juros e o endividamento público devido a falta de superávit primário. O Tesouro Nacional terá que  emitir R$ 622 bilhões em títulos públicos para cobrir o rombo das contas públicas.

Como o governo também obtém receitas com a remuneração de seus recursos da conta única do Tesouro, terá um déficit de R$ 460,4 bilhões pelo conceito nominal. Isso é igual ao pagamento liquido de R$ 321,4 bilhões em juros mais os R$ 139 bilhões de déficit primário.

“Ao longo prazo é insustentável, sem superavit primário para cobrir despesas com juros. O peso dos juros é muito grande e hoje, junto com o déficit primário, provoca um aumento explosivo da dívida”, diz Selene Peres.

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