Vespertinas: a ilusão da ética perdida

Ética perdida I. Quem acha que a imagem do PT ao lado dos Calheiros em caravanas pelo Nordeste ou os elogios a Sarney são estratégia política circunstancial desconhece a sigla que já representou a esperança da política exercida com ética. Para chegar ao poder as lideranças petistas sabem que precisarão de alianças, mesmo que sejam com gente suspeitíssima de praticar malfeitos.

Ética perdida II. Quanto mais se aproximarem as eleições mais se verá esse tipo de arranjo. Foram estes conluios que levaram o PT a galgar o poder. Não será diferente em 2018, ano de eleições gerais. Se voltar ao Planalto em 2019 reeditará antigas alianças em nome da “governabilidade”.

Ética perdida III. À medida que aumentarem as chances de Lula voltar à Presidência da República (a depender do TRF-4) maior será o número de raposas de todos os matizes a procurarem o líder maior do PT. Como nos pleitos de 2002 e 2006, a atração será recíproca.

Ética perdida IV. O que talvez diminua seja o número de crentes de que o PT ainda representa uma política diferente. Caso de Cacá Diegues ao escrever sobre o “desencanto” com as “alianças heterogêneas e esdrúxulas”. Lamenta o cineasta o “fim do mito de que o PT poderia ser um partido diferente dos outros pela sua fidelidade a um programa, pelo seu rigor ético, pelo seu real interesse pelo povo brasileiro”. O que um dia foi a militância por princípios transformou-se em política sem princípios.

Ética perdida V. Diegues não foi o primeiro, não será o último desiludido. Restarão os crentes (ou néscios) na quimera de um partido distinto dos demais & os seguidores da velha sinistra, para os quais a libertação dos trabalhadores exige alianças “heterogêneas e esdrúxulas”.

Alô, Banco Central I. Malas com milhares de reais estão fora da realidade da maioria absoluta dos brasileiros – simplesmente pela indisponibilidade do numerário. Outra parte dos nativos que dispõe de tal montante de dinheiros adota meios convencionais para movimentar suas riquezas – transferência bancária, cheques.

Alô, Banco Central II. Já uma terceira leva de patrícios prefere transportar o dinheiro em moeda corrente. Se não há dúvida que escondem bufunfa oriunda de corrupção e outros ilícitos, também é certo que contam com a indispensável participação do sistema financeiro. Portanto, razoável pleitear das autoridades monetárias que endureçam normas e fiscalização.

Alô, Banco Central III. Não é crime portar dinheiro em espécie. Mas se é sabido que 9 entre dez carregadores de mala abarrotada de moeda corrente são meliantes, o controle dessa atividade merece atenção redobrada.

Deixe seu comentário