Vespertinas: coerência, a primeira vítima da política & juiz sobre rodas

Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Paulo Dimas Mascaretti. Foto TJ/SP

Infração permitida I. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) errou ao determinar que integrantes de tribunais estaduais e federais substituam as placas pretas das viaturas oficiais por comuns. Deveria ter proibido a existência de carros e motoristas pagos pelo erário para servir um único burocrata, inda mais em deslocamentos particulares – regalia que infesta os três níveis dos poderes tupiniquins.

Infração permitida II. Inconformados com a decisão do CNJ, os sufetas do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) reuniram-se secretamente no último 21 de junho para desfiar lamúrias e conspirar contra a sentença. Alegaram os togados paulistas que o fim das placas pretas de bronze – que lhes assegura estacionar em locais proibidos, por exemplo – implica “insegurança”, sujeitar-se a “um trânsito caótico” e prejuízo a uma “tradição”. Entre os argumentos a sustentar a regalia um chama mais a atenção: a decisão traz “desprestígio”.

Infração permitida III. O motim paulista teve momentos de lucidez. O desembargador Álvaro Passos chamou as placas pretas de “privilégios” “que não se admite mais na nossa sociedade”. Já o presidente do TJ-SP, Paulo Dimas, disse que não existe previsão legal para a mordomia e que há assuntos mais relevantes para ocupar os – acredite – 365 desembargadores e 85 juízes substitutos do TJ-SP.

Infração permitida IV. Enquanto juízes e outros barnabés mantiverem uma cesta infindável de regalias, como vencimentos acima do discriminatório teto salarial de R$ 33,7 mil, não há que se falar em igualdade. O fosso que separa a patuleia ignara das castas de servidores públicos imunes às intempéries da economia é face visível da iniquidade social, a qual nenhum governo pós-Ditadura Militar ocupou-se seriamente em desfazer.

Indignação seletiva I. A seletividade do PT e seus penduricalhos, como o PC do B, prossegue. Quando uma denúncia de corrupção atinge o adversário, trata-se de prova irrefutável. Se o petardo é dirigido a um aliado ou para si mesmo, a tática é a mesma: desqualificar o delator e a mídia.

Indignação seletiva II. Enquanto atacava os desmandos de Dilma Rousseff, a mandatária que colapsou o País e fraudou o erário, a revista Veja era “instrumento da elite dominante”. Bastou desferir ataques violentos contra Michel Temer e suas reportagens adquiriram credibilidade indiscutível.

Indignação seletiva III. A denúncia de que Temer valeu-se da Abin para investigar o juiz Edson Fachin, do STF, pode ser verdadeira, mas a reportagem não trouxe uma única evidência que sustente a acusação. Para o PT e partidos como o PSOL (que ainda preferem gravitar em torno do partido-tronco em vez de criar vida própria), pouco importa. Se é para derrubar o adversário, o hebdomadário dos Civita tem credibilidade.

Indignação seletiva IV. O PSDB, alvo tardio da Lava-Jato, aprendeu a tática com seu irmão xifópago, o PT. O PMDB… Ora, o PMDB é o mestre da dissimulação.

Indignação seletiva V. Enfim, estes mesmos que qualificavam como lícitas e pertinentes as delações que serviram para incriminar Lula e Dilma, consideram agora excessiva a atuação do Ministério Público contra Temer. Às favas a coerência, a primeira vítima da política.

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