Dos amigos do MDB para Temer: por favor, não seja candidato

Alguns dirão que ela nunca existiu. Mas a candidatura Michel Temer à reeleição era um discurso importante para o Planalto, uma espécie de estratégia de defesa que agora cai de vez por terra. Nos últimos dias, o que mais o presidente tem ouvido de auxiliares, aliados e dirigentes do próprio MDB é o conselho para que não se exponha e não seja candidato. Nas entrelinhas, obviamente, está o apelo para que Michel não os exponha também – o que ocorrerá se forem obrigados a apoiá-lo.

A avaliação geral, dentro e fora do Planalto, é de que dificilmente a Câmara votará, até o fim do ano, uma terceira denúncia contra o presidente. A PGR pediu mais tempo para o inquérito dos Portos, ainda terá que fazer mais investigações, formular a denúncia e, mesmo que isso ocorra, é provável que, se vier a ser apresentada, venha a chegar ao plenário às vésperas das eleições.

Mesmo depois da eleição, lá para novembro, seria muito trabalho para nada o de mobilizar forças para derrubar um presidentes prestes a deixar o cargo e, provavelmente, perder o foro privilegiado. Seria um requinte de maldade contra Michel Temer, que pode estar bem mais fraquinho no Legislativo mas não é objeto de ódio ou raiva da maioria.

Ao mesmo tempo, porém, o discurso da candidatura à reeleição foi para o espaço com o agravamento das denúncias contra o presidente, investigado em dois inquéritos, e seus amigos – entre eles, o coronel João Batista Lima e José Yunes, ambos tornados réus. Quase diariamente, novos depoimentos e elementos da investigação agregam mais acusações constrangedoras contra Temer.

Se ele queria ser candidato, mesmo sem chance, para ter espaço na TV e nos debates para defender seu legado, o mais provável é que, se insistir na candidatura, gaste esse tempo rebatendo as acusações de corrupção. Pior de tudo, obrigaria os candidatos do partido a ficar a seu lado no palanque e defendê-lo também. Isso ninguém quer.

Por isso, para felicidade geral dos aliados e companheiros emedebistas, Michel Temer está jogando a toalha, embora não vá admitir ou verbalizar isso tão cedo. No seu entorno, muito suspiros de alívio e até, quem diria, defesas da candidatura de Henrique Meirelles pelo MDB.

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