Qual é o jogo no tabuleiro da centro-direita na sucessão presidencial

candidato Henrique Meirelles e o senador Magno Malta. Foto Orlando Brito

Como os galos em seus terreiros, os caciques políticos continuam ciscando no tabuleiro da sucessão presidencial, buscando confundir os adversários, na expectativa do melhor momento para o ataque.
Para quem olha de fora, parecem rodopiar. Quem está dentro se esforça para não confessar que, na verdade, está se sentindo meio tonto.Por mais que tentem manter a pose, sabem que fora de seu mundinho, e dos currais ainda sob controle, ninguém quer saber deles, especialmente se estiverem pintado com o ouro da corrupção.

Mesmo assim, eles têm convicção de que, independente do resultado das eleições presidenciais, vão continuar dando as cartas na Câmara e no Senado, com cacife suficiente para preservarem seus nacos de poder.Ao ciscarem o terreiro produziram uma penca de presidenciáveis, sobretudo na centro-direita, com o propósito de fortalecer o poder de negociação de partidos e de grupos.

Assim, fizeram-se cobiçados.

Mas a balbúrdia é tão grande que nem uma boa barganha significa um bom negócio.

Rodrigo Maia, por exemplo, virou presidenciável naquela que se colar, colou; não conseguiu decolar. Quer sair maior do que entrou. Daí a costura de uma aliança de seu DEM com o PP, o Solidariedade, o PRB e o PSC para que possam, em conjunto, ter mais poder de barganha.

Rodrigo Maia e Geraldo Alckmin – Foto Orlando Brito

Dias atrás, Maia detonou o PSDB e previu o fim da longa parceria de seu partido com os tucanos. Nessa quarta-feira, no entanto, fez um gesto de reaproximação em almoço com deputados do PSDB. Por mais que cisquem daqui e dali, Geraldo Alckmin ainda é o nome mais cogitado por essa turma.Ele já tem o apoio do PSD e do PTB, conta também com o PPS e o PV, e aposta na atração do DEM e do PP. Mas tem concorrência no pedaço. Até de quem se situa em campo oposto.

Ciro Gomes está na parada. Não quer ficar restrito a centro-esquerda. Avalia que tem chance de fechar um acordo pelo menos com o PP. Ele quer ter como vice o empresário Benjamin Steinbruch, vice-presidente da Fiesp, e com antigas e boas relações com o senador Ciro Nogueira, presidente do partido.

Egresso do tucanato, Álvaro Dias apresenta-se à turma liderada por Rodrigo Maia como uma alternativa a Alckmin. Ele conversa bem com o PRB, partido ligado à Igreja Universal, cujo apoio hoje é ao empresário Flávio Rocha, que numa composição pode trocar de posição e compor chapa como candidato a vice-presidente. Por ser nordestino, rico, com propostas liberais para a economia e conservadoras para os costumes, é visto por alguns concorrentes como um bom vice. Andou se cogitando de uma reaproximação entre Alckmin e Álvaro Dias. Não deu certo. Quem tentou ajudar, perdeu as esperanças. “Nem é pelo Geraldo, mas o Álvaro reage com o fígado, saiu muito magoado do PSDB”, avalia um interlocutor dos dois presidenciáveis.

Jair Bolsonaro e colega deputado Marcos Feliciano – Foto Orlando Brito

O PR, outro partido de peso no Centrão, examina, também, outras alternativas. O empresário Josué Gomes, filho de José Alencar e sonho de consumo para vice de vários candidatos ao Planalto – inclusive de Lula, antes de ele se tornar ficha suja -, estaria se assanhando em entrar como cabeça de chapa no páreo presidencial. Mas o PR avalia outra oferta. Jair Bolsonaro vem propondo uma casório em que teria como seu vice o senador Magno Malta. O PR não diz sim nem não. O partido é controlado pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, com larga experiência nos mais variados balcões em que se negocia compra e venda de apoio político.

Ainda no campo da centro-direita, depois que o balão de Michel Temer, como era previsível, murchou, o MDB ensaia o lançamento de Henrique Meirelles. Uma alternativa que, por algumas razões, não vinha sendo levada muito a sério. Primeiro porque o foco do partido são as eleições regionais — quanto menos amarras, mais chances de eleger bancadas maiores. Outros motivos são seu o fraco desempenho nas pesquisas e um discurso que agradaria muito pouco além de seu público cativo no mercado financeiro.

Meirelles com jornalistas no Congresso. Foto Orlando Brito

Henrique Meirelles, porém, quer surpreender. Na reunião nessa quarta-feira (16) com 16 dos 21 senadores do MDB, que esperavam aquela mesma pregação de ministro da Fazenda, ele obteve algum sucesso, com um discurso mais amplo e melhor articulado. A cúpula do MDB já está, inclusive, planejando pompas e circunstâncias para projetar Meirelles, em reunião marcada para a próxima terça-feira para o lançamento de um programa de governo que deve se chamar “Encontro com o Futuro”.

A menos de cinco meses das eleições, o quadro continua imprevisível.

Se algumas dessas articulações derem certo, pode ser até que se desate o nó da sucessão presidencial.

A única certeza deles

A conferir.

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