Na trilha da Lava Jato, STF pune Maluf e dá um basta na impunidade

Paulo Maluf, foto Orlando Brito
Paulo Maluf, foto Orlando Brito

A condenação de Paulo Maluf pela unanimidade dos ministros da Primeira Turma do STF coroa uma histórica mudança de paradigma na Justiça brasileira. Pode ser o golpe mortal em artimanhas para adiar julgamentos e livrar notórios corruptos por recursos à perder de vista, idade dos acusados ou prescrição legal dos crimes.

Em pleno ocaso, a pior banda da ditadura militar apostou em Maluf para esticar sua sobrevivência. Conseguiu apenas carimbar seu epílogo com a marca da corrupção.

A impunidade de Maluf era a mancha original da Nova República. Seus crimes são reconhecidos e punidos mundo afora. Mas aqui escapavam por brechas nas leis, exploradas por advogados competentes, e o sobe e desce de instâncias judiciais, jogo viciado por causa do foro privilegiado.

O resgate judicial de Maluf põe no banco do réus toda a Nova República. São investigados na Operação Lava Jato os ex-presidentes da República José Sarney, Fernando Collor, Lula e Dilma Rousseff.

Michel Temer, por uma controversa interpretação jurídica, havia escapado de uma investigação formal na Lava Jato. Mesmo assim, ele virou alvo do STF depois de ter sido gravado em uma conversa nada republicana com o empresário Joesley Batista. Entre outros crimes, foi registrado ali uma tentativa de cala-boca de Eduardo Cunha, condenado pelo juiz Sérgio Moro.

Fernando Henrique entrou em cena com um papel que não chegou a queimar inteiramente seu filme. Como se estivesse fazendo esforço de memória, Emílio Odebrecht disse que sua empresa  também financiou campanhas eleitorais de FHC com dinheiro sujo. Mas não vinculou esse Caixa 2 com a Lava Jato e nem a outros ilícitos específicos. O caso está sob avaliação da Justiça Federal em São Paulo.

Ninguém falou nada sobre Itamar Franco. Nessa trama em que não se poupa falecidos, chama atenção ninguém ter estranhado. Políticos de todos os naipes avaliam que Itamar foi um estranho no ninho.

Talvez seja cedo para comemorar a histórica punição de Paulo Maluf. Até por questões jurídicas, o STF está dividido sobre como punir o festival de corrupção que assolou o país. Pode pôr uma trava no processo, atendendo à pressões da elite política. Ou confirmar o basta à impunidade, na trilha da Lava Jato e do anseio da população.

A conferir.

 

 

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