Huck, Meirelles e Manuela inflam balões de ensaio na corrida ao Planalto

Pelo que mostram as pesquisas e se especula aqui e ali, Lula e Bolsonaro largam na primeira fila. Correm por fora Huck, Alckmin e Marina. Ciro Gomes dependeria de enguiços e batidas à frente para galgar posições.

Bons desempenhos de novos pilotos, pela ótica do grid de hoje, seriam surpreendentes, mas não descartáveis nessa corrida em que as forças políticas tradicionais foram tragadas pela Lava Jato e outras bem sucedidas investigações.

Analistas de pesquisas eleitorais, marqueteiros, cientistas políticos, jornalistas e palpiteiros em geral somam-se aos políticos profissionais na confecção de prognósticos.

Boa parte dessa eclética turma atribui precisão científica a suas apostas e desdenha de qualquer ceticismo.

Têm os que consideram Lula imbatível. Olham muito para suas intenções de voto e pouco para a sua rejeição. Esquecem também que em uma campanha eleitoral o holofote dos adversários focará nos podres e pontos frágeis de seus principais concorrentes.

Lula e eleitor do PT.

Ainda assim, o bom desempenho de Lula nas pesquisas é um bom argumento para quem aposta na volta dele ao Palácio do Planalto. Mesmo que seja apenas uma fotografia de momento — definição sob medida para agasalhar pesquisas sérias e, também, as fajutas – elas são relevantes para protagonistas e observadores do embate ano que vem.

Assim, se não for impedido por faltas anteriores, Lula com certeza estará no pelotão da frente. Essa dúvida estimula a entrada no páreo de parceiros tradicionais.

Ciro Gomes, em mais um voo solo do PDT, era previsível. Até porque se candidata a ser um plano B dos petistas se Lula for barrado pela Justiça.

A novidade é o PC do B, o mais fiel aliado do PT, também por as manguinhas de fora. Lançaram a bela Manuela D´Ávila na corrida presidencial no que ainda não parece ser uma opção para valer.

Em um quadro político e judicial tão confuso, para evitar surpresas de última hora, a moda é ter um plano B.

Na outra ponta desse tabuleiro, a incógnita é Bolsonaro. Com a elite política atolada no pântano, ele vem surfando na onda contra tudo e todos. É fruto de um protesto que ainda terá de passar pelo teste da realidade quando o eleitor vai ponderar o que será melhor ou menos ruim. Parece ser apenas mais um cavalo paraguaio. Pode ser que não.

De tanto protagonizar teorias da conspiração, alimentadas por gente de esquerda, de direita e do avesso do avesso, o tal fantasma do maquiavelismo das elites contagiou até seus alvos.

É impressionante o que se ouve de gente financeiramente bem sucedida sobre o suposto poder dos donos do dinheiro para eleger Henrique Meirelles.

Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles

Por essa ótica, senhores da alta grana alta vão financiar, a curto prazo, um salto triplo carpado na nossa economia, capaz de encher olhos e bolsos dos eleitores, e catapultar Meirelles para o segundo turno na sucessão presidencial.

A exemplo da criação do Real, seria um novo milagre da multiplicação de pães e sua transformação em votos. Cada um tem o direito de sonhar e acreditar no que quiser. Parece apenas mais uma miragem.

Nesse deserto de perspectivas, de ideias e de honradez em homens públicos, gira uma roleta desvairada em busca de uma redenção pelo novo que possa se apresentar pelo menos como avesso à corrupção.

Da vassourinha de Jânio Quadros ao caçador de marajás Fernando Collor, a experiência passada recomenda, no mínimo, prudência.

Quem se apressou a representar esse papel foi João Doria. Trocou o papel de prefeito aparentemente inovador pelo de afoito candidato presidencial. Tropeçou nas próprias pernas e parece ter ficado pelo caminho.

Doria se diz amigo e admirador do global Luciano Huck, mas não esconde uma ponta de ciúme por ter sido trocado por ele nos devaneios de boa parte das chamadas elites.

Diferente de Doria, Huck até agora não queimou a largada. Mesmo porque, por sua longa visibilidade televisiva, pode esticar a corda até o limite, sem precisar se expor.

É uma candidatura viável?

Difícil avaliar.

Quem puxava a fila da sua turma era Aécio Neves. Virou uma má referência. Sumiu até daqueles festivos posts no facebook e em outras redes sociais. Doria entrou apressado no vácuo e não conseguiu chegar a lugar nenhum.

Huck é popular, entra no páreo como candidato competitivo, agrada as elites, mas também é uma incógnita. Em uma campanha acirrada, não basta o agradável personagem, vai ter que se expor. Assim será avaliado.

A conferir.

 

 

 

 

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