Como Marun, “ministro” de Dilma, virou o articulador político de Temer

Deputado e ministro Carlos Marun

Quando finalmente percebeu que seu mandato iria para o ralo, Dilma Rousseff, em desesperadas tentativas de se salvar, cometeu erros políticos ainda mais grosseiros.

Um deles foi a aposta em Leonardo Picciani, filhote de cacique, como o cara para derrotar os chefes tradicionais do PMDB. Como era previsível, ele deu com os burros n`água.

Com a arrogância de herdeiro político de Jorge Picciani, então chefão do PMDB no Rio, Leonardo entrou no jogo se sentindo dono da bola. Com o aval palaciano, virou líder do PMDB na Câmara e achou-se o rei da cocada preta.

Reuniu a bancada e ofereceu três ministérios a quem se dispusesse a apoiá-lo na defesa de Dilma, em um surpreendente método, no melhor estilo de alguns programas de TV, tipo o quem quer dinheiro.

A surpresa foi a entrada naquele páreo de Carlos Marun, tido como ferrenho defensor da queda de Dilma. Ele só desistiu, a contragosto, diante da pressão de seus parceiros do grupo pró impeachment.

Passou até a ser zoado. No Cafezinho dos Deputados, os mais irreverentes só se referiam a ele como “o ministro”.

Com a ascensão de Michel Temer, quem virou ministro foi Leonardo Picciani, graças ao acerto anterior de seu pai com outros caciques do PMDB. Tudo bem previsível. Para variar, só Dilma se sentiu trapaceada.

Nessa geleia geral, Marun aprendeu a navegar com o próprio barco. Trocou o papel de folclórico pelo de combatente em causas aparentemente inglórias, mas valorizadas pelos novos inquilinos do Planalto.

Foi assim que carregou o caixão de Eduardo Cunha até o fim do seu calvário na Câmara. Seus colegas, que largaram Cunha pelo caminho, diziam que Marun era suicida. Ledo engano.

Foi a partir dessa ousadia que Marun deu um salto triplo carpado. Trocou o baixo clero pelo estrelato nas polêmicas com maiores audiências em todas as mídias. Virou figura carimbada nas defesas de Temer contra as denúncias de Rodrigo Janot, na reforma da Previdência, na CPI da JBS…

Nessa toada, Marun seguiu em frente e, agora, foi indicado pelo PMDB para chefiar a cobiçada articulação política que vinha sendo tocada pelo tucano Antonio Imbassahy.

Quem sabe, depois de tantas voltas, ele tenha chagado lá.

A conferir.

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