Com Lula e Huck fora do páreo, Temer mira em Bolsonaro

Quando a névoa embaça o horizonte, o sobe e desce nas apostas políticas são tão ou mais voláteis que as bolsas de valores. Se alguma faísca parecer luz, até azarões vão se sentir iluminados.

Por ilusão, sonho ou desespero, quem de fato tem algum poder, quando necessitado ou estimulado, se sente tentado a buscar o tal fiat lux. A expectativa é de que, entre tantos botões, haja algum detonador eficaz.

Como era previsível, Michel Temer foi mais uma Geni no carnaval. Nenhuma surpresa aqui fora e nem para os estrategistas palacianos, sempre abastecidos por pesquisas.

Temer até se mexeu no carnaval. Em um simpático contraponto, foi a Roraima anunciar medidas para amenizar a crise dos refugiados da Venezuela, vítimas do colapso da desastrada gestão de Maduro.

Nem bem saiu de lá e teve que encarar uma encrenca muito maior. O Rio de Janeiro virou terra de ninguém, com sucessivas ondas de violência, e autoridades que simplesmente jogaram a toalha.

Não dava mais para ignorar. Um problemão e, também, uma oportunidade.

Quem melhor sacou isso foi Moreira Franco, raposa política, protegido da Lava Jato pelo foro privilegiado. Na juventude, Moreira chegou a se encantar com a Revolução Cultural de Mao Tsé Tung.

Talvez tenha sido por aí que aprendeu a máxima “do caos, nasce a luz”.

Ministro Raul Jungmann e o General Eduardo Villas Bôas

De repente, um governo lerdo se tornou ágil. Moreira e Raul Jungmann enquadraram Luiz Fernando Pezão, intimado a ir a Brasília, onde, sem alternativa e de bom grado, topou a rendição.

Anunciada a intervenção federal na segurança do Rio, uma providência necessária, aqui e ali passaram a pipocar avaliações sobre a entrada de Michel Temer na corrida presidencial.

Sem dúvida, parece um respiro para o sufoco diário da turma que cerca e bajula Temer.

Depois de Lula, barrado por ser Ficha Suja, e Luciano Huck ter desistido da disputa, a pista parece livre para concorrentes com tradição política, inclusive  para Temer ou quem ele apoiar. O obstáculo é Jair Bolsonaro, segundo lugar em todas as pesquisas. Seu carro-chefe é justamente a segurança pública.

Ao usar sua suposta bala de prata na segurança pública no Rio de janeiro, Temer mira três alvos: 1) –-Sair das cordas na condição de governante rejeitado; 2) –Resgatar a bandeira da segurança pública das mãos de Bolsonaro; 3) –Obter cacife para si e seus aliados para as negociações na sucessão presidencial.

O papel de Temer, por mais que o embrulhem como presidenciável, é tentar dar uma sobrevida à política que morreu, emplacando uma transição até que uma nova política venha a se impor.

A conferir.

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